Para muitos profissionais da controladoria, a apresentação de resultados é um dos momentos mais tensos do mês. O tempo é curto, os dados nem sempre estão redondos, a linguagem precisa se adaptar à diretoria… e o reconhecimento do trabalho, por vezes, não acompanha o esforço dos bastidores. Mas e se a reunião de resultados deixasse de ser um desafio e se tornasse uma vitrine do trabalho estratégico do time financeiro?
Foi exatamente sobre isso que conversamos no episódio #55 do Controller Cast com a Daniela Sousa, especialista em planejamento financeiro e controladoria. Com passagens por grandes empresas, formação executiva em BI e até um curso de palhaçaria no currículo, Dani trouxe um olhar humano, prático e provocativo sobre como reportar resultados com clareza, impacto e empatia.
Se você quer transformar seus reports em momentos de protagonismo, e não apenas de prestação de contas, assista o episódio na íntegra (ou ouça no Spotify):
Abaixo você confere um resumo do bate papo:
O report é o palco da controladoria
Na visão da Dani, o report financeiro não é só a entrega final dos números. É quando a controladoria “coloca o laço no presente”, ou no pacote de problemas, e mostra como seus dados se transformam em decisões. É, portanto, uma oportunidade de mostrar valor, desde que feito da forma certa.
Ela relembra sua trajetória: desde relatórios simples em Excel com apenas números, até templates completos em PowerPoint com destaques, comentários e análises. E destaca que o ponto de virada em sua carreira foi quando entendeu que um bom relatório não exige explicação posterior. Se você precisa estar presente para o material fazer sentido, ele não cumpriu seu papel.
Essa é uma das razões pelas quais as ferramentas de BI (como o BI Financeiro Gratuito da Treasy) ganham força. Além de agilizarem o trabalho, permitem mais tempo para análise, e não só para o preenchimento de planilhas. O Excel segue relevante, claro, mas hoje cumpre um papel mais de base de dados do que de cálculo e apresentação em si.
A chave da apresentação está na audiência
Um dos pontos mais relevantes da conversa foi a importância de adaptar a linguagem de acordo com quem vai consumir (ou fornecer) a informação.
De um lado, o parceiro que fornece dados para a controladoria precisa entender claramente o que está sendo pedido. Não adianta usar jargões ou KPIs sofisticados com quem opera na ponta. O pedido precisa ser feito na linguagem do time de vendas, de operações ou de projetos. A controladoria precisa “falar a língua do negócio”.
De outro lado, quando o público é a diretoria ou o board, a apresentação deve ser executiva, direta e contextualizada. Boas práticas citadas por Dani incluem:
- Foco nos principais desvios e nos motivos;
- Clareza na narrativa do resultado – a famosa “história do dinheiro”;
- Destaque para oportunidades, não apenas problemas;
- Domínio sobre o que será apresentado para evitar ser surpreendido por perguntas.
Como ela bem resumiu: “as melhores apresentações que vi foram rápidas, claras e deixaram uma mensagem positiva mesmo quando o número era ruim”.
O drama da fonte de dados e das múltiplas versões
Quem atua em controladoria sabe: um dos maiores desafios não está na apresentação, mas antes dela, na confiabilidade dos dados. Segundo a Dani, existem dois pontos críticos e que se interseccionam:
- A fonte do dado: quem fornece a previsão de vendas? A área comercial? E ela tem clareza do que está sendo projetado?
- O dono do número: uma vez que a controladoria ajusta ou pondera os dados, de quem é a versão oficial? É essa que será defendida no report?
Esse desalinhamento pode gerar situações desconfortáveis, como divergência de números entre áreas, questionamentos durante a apresentação ou, pior, decisões com base em dados frágeis.
Por isso, a Dani defende uma postura ativa: envolver as áreas desde a origem da informação, compartilhar a responsabilidade e documentar como os dados foram recebidos e tratados. A controladoria precisa ser “o fiel da balança”, garantindo que o número final seja confiável e coerente.
O segredo está na preparação (e no storytelling)
Para apresentar bem, é preciso mais do que dados, é preciso contexto. E contexto se constrói com:
- Preparo técnico: domínio do BI, clareza sobre o desvio, fontes, histórico;
- Domínio da pauta: saber o que vai ser abordado e em que ordem;
- Storytelling: construir uma narrativa que conecte os pontos, antecipe dúvidas e mantenha a audiência engajada.
Um exemplo citado foi o uso da técnica de “ponte”: mostrar como a empresa foi do ponto A ao ponto B (ou por que não chegou lá). Assim, a controladoria antecipa perguntas, mostra que está no controle e gera confiança.
Quando o número não é bom…
“Reunião com número bom é reunião boa. Número ruim é reunião ruim.”
Esse ditado, compartilhado no episódio, é comum no mundo corporativo. Mas Dani trouxe uma perspectiva diferente. Para ela, mesmo quando o número é ruim, a reunião pode ser boa, se houver clareza sobre as causas e um plano de ação para mudar a rota.
E aqui entra um ponto crucial: a apresentação não termina quando acaba a reunião. É comum sair com uma lista de tarefas, investigações e follow-ups. A controladoria, além de apresentar, precisa acompanhar o desdobramento das ações, e voltar na próxima reunião com respostas.
Uma técnica poderosa mencionada foi o uso do FCA (Fato, Causa, Ação), metodologia que a própria Treasy aplica em seus clientes e que ajuda a transformar dados em decisões.
Palhaçaria corporativa? Sim, e tem tudo a ver
Um dos momentos mais inusitados do episódio foi quando a Dani compartilhou que fez um curso de palhaçaria. Mas, longe de ser algo só lúdico, ela mostrou como isso impacta sua atuação profissional.
A arte da palhaçaria ensina a estar presente, ler o público, reagir com neutralidade e abrir espaço para o erro, o oposto do ambiente corporativo, que preza por performance, autoridade e discurso pronto. Essa abertura para o improviso e a escuta ativa tem tudo a ver com apresentações de resultado, onde nem tudo sai como planejado e é preciso lidar com o inesperado com naturalidade.
Como evoluir na arte de apresentar resultados
Para quem deseja dar o próximo passo, Dani compartilhou algumas dicas práticas:
- Aprofunde-se nas ferramentas: BI Financeiro Treasy, Power BI, Tableau, Excel, linguagem DAX. Elas agilizam o operacional e liberam tempo para análise.
- Crie um acervo visual: inspire-se em templates, relatórios de outras empresas e dashboards bem construídos.
- Capriche na “boutique” do report: a apresentação deve ser atraente, clara e bem estruturada.
- Conheça o negócio: só entende bem o desvio quem entende o que deveria ter acontecido.
- Desenvolva suas soft skills: influência, empatia e comunicação são tão importantes quanto os números.
Como conclusão, fica o recado: o report financeiro é um dos momentos mais estratégicos da controladoria. Não desperdice essa oportunidade de mostrar impacto, gerar confiança e contribuir para decisões melhores.
Ouça agora o episódio #55 do Controller Cast com Daniela Sousa. Uma aula sobre como transformar o report financeiro em uma apresentação memorável: