Valuation é a atividade que busca valorar os ativos e passivos de uma empresa para fins comerciais e estratégicos. O processo envolve algumas etapas e metodologias, já que a atividade é importante não só em negociações, mas como também na definição de premissas estratégicas e nas tomadas de decisões.
No Controller Cast de hoje Rodrigo Garcia, Diretor de Finanças Corporativa na Investor, conversa com a gente sobre Valuation e a finalidade e potencial dessa atividade para as empresas.
Agora você também pode nos ouvir no Spotify, Deezer e iTunes! O Controller Cast é um podcast pensado especialmente para profissionais das áreas de Planejamento, Controladoria e Finanças. Nele discutimos temas relacionados com a área, trazendo insights, conteúdos práticos e entrevistas com profissionais que estão fazendo a diferença em suas empresas.Veja também os episódios anteriores:
#20 Controller Cast com Fábio Pugliesi sobre Planejamento tributário
#21 Controller Cast com Carlos Santos sobre Melhorias no processo de previsão de margens e resultados
#22 Controller Cast com Hermes Reis sobre Como criar a Modelagem Financeira e Orçamentária de sua empresa
#23 Controller Cast com Juliana Rossi sobre Planejamento e Orçamento de Marketing
Sobre Rodrigo Garcia
Rodrigo Garcia, formado em Administração e com um MBA em Setor Elétrico pela FGV, é Diretor da área de Finanças Corporativa na Investor, empresa de consultoria financeira corporativa. A Investor possui 8 anos de atuação no mercado brasileiro e é especializada na elaboração de laudos regulatórios, como Valuation, testes de impairment e laudos de PPA.
Para começarmos o bate-papo, explica pra gente o que é um processo de Valuation, Rodrigo.
- Valuation é uma atividade que utiliza de técnicas de avaliação para maximizar a utilização de dados quantificáveis para se calcular o preço de um ativo ou passivo.
- É muito utilizado em operações de M&A, ou qualquer outra negociação de venda de ativos ou passivos.
- O objetivo do Valuation (nesse contexto de negociação) ajuda a reduzir o embate de valor entre as partes.
- Outro ponto de vista do Valuation é para fins estratégicos para tomadas de decisões.
Aproveitando o gancho, como o Valuation pode ajudar nas tomadas de decisões?
- No processo do M&A ou na compra de ativos ou passivos, o Valuation faz uma análise de diversos fatores históricos, cruzando com as análises de mercado, tudo para a valoração.
- Utiliza-se muito o Valuation para analisar as premissas que geram valor para a companhia. Ou seja, na hora de tomar uma decisão, quais direções eu vou passar para os meus executivos? Quais as premissas que iremos tomar para aumentar o valor?
- No Valuation a gente olha para o mercado e entende como ele considera o que a empresa tem hoje. Ou como a empresa reage ao mercado. Em cima das premissas definidas, fazemos análises, como fluxo de caixa descontado em relação às premissas.
- Existe uma série de metodologias que podem ser empregadas para chegarmos no que é chamado de “valor justo da empresa”. O processo de comparar o que a empresa tem hoje em relação ao mercado, é muito rico para a empresa.
Detalhando um pouco mais a prática: como são feitos esses cálculos de Valuation, Rodrigo? Existem método padrões?
- O tema do Valuation no Pronunciamento Contábil, denominado como CPC 46 do valor justo, onde são colocados três abordagens técnicas de avaliação: 1ª abordagem de mercado; 2ª média do grupo de comparáveis; 3ª e abordagem do custo.
- Avaliação ajustada a preço de mercado, que é mais utilizada para fins legais. Quando falamos de uma saída de um sócio, por exemplo, qual metodologia será utilizada para apurar os haveres de um sócio que está saindo? O Código Civil fala do balanço de determinação.
Fazendo um link com esses três métodos, qual é o momento ideal para eu aplicar cada um deles?
- Quando for a apuração de haveres de uma empresa: quando não tem no estatuto social da empresa qual a metodologia deverá ser utilizada, pelo código civil, se for LTDA, a gente sugere o balanço de determinação. Porque está na lei. Se for S/A, podemos fazer pelo balanço quanto pelo fluxo de caixa descontado.
O processo de Valuation, Rodrigo, ele pode ser feito dentro de casa? E quais são os riscos que eu corro?
- Toda vez que você vai fazer uma avaliação, você entra no processo com uma incerteza (qual metodologia irá expressar melhor o valor). E você pode ter um viés de operações que já conhece (análise de venda de concorrente). E quando você tem o dono da empresa que possui mais conhecimento sobre o assunto, ele pode cair na falácia de quantidade de informações. Aí, ele fica utilizando e criando muitas premissas. Surgem, assim, incertezas.
- Tem muita empresa que faz dentro de casa, mas quando vai para uma operação de M&A ele tende a contratar um advisor. Toda vez que há um processo de valoração aqui na Investor, a gente analisa em primeiro momento qual é a percepção de valor que o nosso analista tem antes mesmo de começar a operação.
- Depois, começamos a fazer a análise dos números da companhia e fazemos uma análise crítica desses números. E, aí, teremos outra percepção em relação a primeira. Após, temos outro área que fará a análise de mercado, e fará isenta da percepção do analista e da análise histórica. Quando juntamos essas áreas, a gente minimiza o risco de trazer para o laudo percepções do próprio analista.
- Outro ponto é, como a gente trata dessas operações no nosso cotidiano, a gente está mais acostumado a perceber o que é factível e o que não é dentro dos resultados que encontramos.
- O papel do advisor, portanto, é questionar o cliente o tempo todo, para garantir a informação verídica e factível.