Controller Cast #07 – Futuro da Contabilidade: o fim do modelo tradicional do escritório contábil, com Rui Cadete

Publicado dia 25 de janeiro de 2018

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10 min

Controller Cast sobre Futuro da ContabilidadeA economia vem passando por uma transformação global e as novas tecnologias têm mudado os negócios e profissões tradicionais. Isso não necessariamente é algo ruim, mas sinaliza que todos precisam estar atentos para acompanharem o mercado. Um dos exemplos bem claro de mudança disruptiva está na Contabilidade. Ainda é comum que os escritórios contábeis ofereçam apenas serviços tradicionais, mas, atualmente, o mercado necessita que eles pensem além. Há uma exigência de se tornem parceiros estratégicos dos clientes e entreguem mais do que o exigido por lei. Da mesma forma, o contador deve passar a ser um consultor. Mas como promover essa transformação na prática?

Para falar sobre o assunto e contar como vem fazendo há mais de 25 anos e tornando o escritório de contabilidade numa consultoria completa, convidamos o Rui Cadete, presidente da Rui Cadete Consultores e Auditores Associados, para o episódio #07 do Controller Cast. Ele acredita que a profissão contábil está passando por uma transformação incrível e afirma que as oportunidades são maiores do que os desafios. Para o empresário, aqueles que se prepararem sairão na frente, basta conhecimento, dedicação, disciplina e muito trabalho.

Escute agora mesmo pelo player o podcast  que tem o objetivo de tornar o time de controladoria ainda mais estratégico. Se preferir, também pode acessar nosso canal no Soundcloud.

O Controller Cast é um podcast pensado especialmente para profissionais das áreas de Planejamento, Controladoria e Finanças. Nele discutimos temas relacionados com a área, trazendo insights, conteúdos práticos e entrevistas com profissionais que estão fazendo a diferença em suas empresas.Veja também os episódios anteriores, se você perdeu algum é só conferir aqui:

#01: Controller Cast com Marcio Andrade, Controller da ContaAzul, para entender os desafios da Controladoria em uma empresa de crescimento acelerado;

#02: Controller Cast com Daniela Sousa, Controller de uma holding, sobre sua experiência na implantação dessa metodologia em um grande grupo de empresas;

#03: Controller Cast com Cícero Ferreira Filho, Sócio da Consultoria Ferreira Filho, sobre como implantar a metodologia Orçamento Base Zero (OBZ) na prática;

#04: Controller Cast com Suzanne Sampaio, Coordenadora de Controladoria, sobre o desafio de implantar uma área de Controladoria;

#05: Controller Cast com Rafael Martins, Analista de Controladoria, sobre Transição de Carreira do Financeiro para Controladoria;

#06: Controller Cast com Alvaro Soncini, Controller na 99 Taxi, sobre Auditoria e Due Diligence.

Sobre Rui Cadete

Rui Cadete é formado em contabilidade, tem pós-graduação em Gestão de Negócios pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é Presidente da Rui Cadete Consultores e Auditores Associados. Rui também ministra palestras em diversos eventos sobre a classe contábil e empresarial no Brasil. Ele foi professor de Contabilidade na Universidade Potiguar de 1993 a 1998 e presidente do SESCON RN entre 1998 e 2001.

Um bate papo sobre o futuro da Contabilidade.

Veja o que conversamos no nosso bate papo:

  • A contabilidade é uma ciência milenar e, provavelmente, passa pela sua maior disrupção nos últimos anos, em que momento o cenário contábil mudou e principalmente, quais foram os fatores que você elenca para essa mudança?
    • Acompanhei algumas rupturas. A primeira delas foi em 1991, com a introdução da informática.
    • Nessa época, muitos escritórios e profissionais ficaram para trás por não acompanharem a revolução da mecanização para a informatização.
    • Passados 25 anos, estamos num novo momento de transformação da atividade contábil, mais uma vez com a tecnologia.
    • Mas, hoje, a tecnologia não é apenas nas empresas, mas de todo o universo empresarial e governamental, que exige conhecimento e pessoas capacitadas.
  • Você acredita que essa mudanças irão acabar com o modelo de contabilidade que conhecemos hoje?
    • Está tendo uma mudança muito grande na contabilidade e somente quem estiver preparado vai tirar proveito de toda essa situação.
    • Nos próximos cinco anos não teremos mais a contabilidade com as práticas vigentes hoje.
  • Qual o maior desafio do contador hoje frente a essas mudanças? Mudar o pensamento de continuar focando nas obrigações contábeis das empresas?
    • As obrigações acessórias são sempre ordem do dia de toda e qualquer empresa contábil. Naturalmente temos que atendê-las.
    • Naturalmente isso virará commodities e quem agregar tecnologia e ferramentas com integração de dados.
    • Importante capacitar as pessoas e se cercar de ferramentas que permitam compreender o cenário econômico e de negócio, das empresas e do Brasil. Isso permitirá dar contribuição diferenciada e agregar valor ao serviço.
  • Estamos falando de tantas mudanças? Podemos dar exemplos práticos tanto para quem é do cenário contábil, como para quem não é?
    • As mudanças perpassam pela globalização das empresas que exigem que a contabilidade tenha que atender as normas internacionais.
    • Outro ponto de atenção é que os governos, nas três esferas, têm implementado uma série de controles e aplicativos que exigem informações mais analíticas do negócio.
    • Essas mudanças de mercado e governança forçam as empresas a terem uma estrutura mais organizada e o papel do contador se torna fundamental.
    • Surge uma nova demanda de sustentabilidade corporativa, onde se faz mais, com menos e o contador, munido de conhecimento, pode sim ser responsável por atuar nesse sentido de consultor.
  • Uma saída seria atuar como empresário contábil? Foi o que a Rui Cadete fez?
    • De certa forma, a Rui Cadete já nasceu com uma visão diferenciada, muito focada no conhecimento. Desde sempre há uma tentativa de aplicar todo conhecimento adquirido no mercado nos clientes. Isso fez com que a empresa tivesse o crescimento muito rápido e, mais, que fossem vistos como consultores e não contadores.
    • Em 1999 fez o primeiro planejamento estratégico, em 2000 estava com a certificação da BVQI da ISO 9001. Isso mostra a preocupação constante com reciclagem e busca por conhecimento em eventos e publicações de referência.
    • O que mais transforma as empresas é o conhecimento, isso unido às pessoas e tecnologia.
  • Como ser estratégico para as empresas modernas?
    • Como já foi ressaltado, conhecimento é a base de tudo. E, essencialmente, pessoas.
    • Para ser estratégico é preciso estar sempre investindo em novas tecnologias.
    • Conhecer outros mercados, acompanhar palestrantes internacionais.
    • Estar sempre voltado para o melhor atendimento ao cliente.
    • Tudo isso se faz por meio da gestão. Ou seja, na hora que dar foco e importância à gestão, faz com que a empresa seja devidamente estruturada.
    • Lema: fazer melhor as coisas e o bem às pessoas.
  • E como fica o consultor autônomo, que não está numa empresa e não tem acesso à essa estrutura que você comentou?
    • Para o consultor autônomo, o desafio é muito maior.
    • Precisa, de fato, investir muito mais em atividades para ter um nível de conhecimento mais diversificado que se tivesse numa empresa. Investir mais em treinamentos e acesso a informação e poder ter sua diferenciação como profissional.
    • Pode também procurar focar, não abrir tanto esse universo, em algumas especialidades, se diferenciar e agregar valor para os clientes.
  • Nessa mudança de mentalidade, qual a importância de processos e ferramentas? Seria o diferencial estratégico?
    • No mercado, já há aplicativos que dão auxílio tanto para um contador consultor, como para empresas.
    • Investir no desenvolvimento de aplicativos e ferramentas é uma possibilidade, mas investir em soluções que já estão disponíveis e foram testadas pode ser uma saída para avançar e dar saltos, sem perder tempo desenvolvendo tecnologia.
  • A terceirização do departamento financeiro é uma realidade? O contador pode ser esse terceiro? Como fazer?
    • Há cerca de oito anos já prestava serviços financeiros aos clientes, mas viu-se a necessidade de dar foco aos negócios.
    • Atentar-se para não começar cuidando da contabilidade, seguir para o financeiro e acabar fazendo também a auditoria sem segregar responsabilidades e funções. Isso pode dificultar na hora de cobrar.
    • A múltipla função de uma mesma equipe pode gerar confusão para o cliente e este tende a querer pagar apenas um honorário, geralmente o inicial, sem agregar valor para todas as atividades.
    • O interessante é mostrar o ganha ganha: quando a empresa terceiriza o financeiro, a consultoria diminui o custo e melhora a qualidade da informação que o cliente recebe. Permite agregar valor à atividade.
  • Como dar os primeiros passos  para não ficar pra trás em relação a contabilidade do futuro, além da mudança de mentalidade?
    • Destaque para a importância de conhecimento. Rui Cadete acredita que, em geral, as pessoas querem saber, mas não querem ralar para conseguir conhecimento. Isso precisa mudar!
    • Já tem muitos aplicativos disponíveis no mercado, é preciso saber garimpar e aproveitá-los para poder agregar valor ao trabalho do contador de forma especializada para cada cliente.
    • Também é importante que haja organização dos processos, do dia a dia. Ou seja, que as empresas e profissionais tenham um planejamento muito bem pensado e façam com que esse plano seja um guia para olhar pelo retrovisor e analisar o que pode ser feito de uma melhor forma.
    • Saber que em uma empresa, é possível ampliar o portfólio porque é uma soma de várias competências e tem uma estrutura de governança para suporte. Mas, no caso do contador consultor, como geralmente é autônomo, ele precisa ter uma boa gestão da agenda.
    • Por fim, conhecer bem a empresa cliente, se envolver e conhecer todos os processos e serviços dela para apresentar informações de extrema relevância. Isso possibilitará a fidelização do cliente e fará com que ele não queira trocar de fornecedor contábil.

Rui Cadete encerra a conversa falando sobre oportunidades e desafios. O empresário acredita que o sucesso do profissional vai depender muito mais do olhar que ele tem diante do mercado. Segundo Rui, as oportunidades ainda são maiores do que os problemas, mas exige mais dedicação e conhecimento.

Essa mudança de postura e algumas alternativas para o profissional contábil também foram discutidas no Webinar Contabilidade do Futuro, feito com a participação do diretor Comercial da Treasy, Daniel Fernandes, e do CEO da ContaAzul, Vinicius Roveda. Se você não conseguiu acompanhar a conversa, pode assistir agora e saber ainda mais sobre as rupturas no setor contábil.

O mercado contábil mudou. E agora?

Esperamos que você goste da nossa entrevista com o Rui Cadete. Assine nossa newsletter para ficar sabendo dos próximos Controller Cast!


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