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Taxa Interna de Retorno: como a TIR é aplicada na análise de viabilidade de investimento em um projeto?

Taxa Interna de Retorno TIRSe você é leitor do nosso blog, já sabe que por incontáveis vezes discutimos sobre os indicadores financeiros para análise de viabilidade de investimentos em projetos. E isso é óbvio, considerando que nossa maior preocupação é com a gestão orçamentária de sua empresa.

Então, agora, pense que hoje é um dia daqueles em que está na hora de analisar se um projeto deve ou não ir para a frente. Você sabe que tudo começa a partir da projeção de fluxo de caixa, por isso, é pra lá que você vai.

É mais ou menos como se você estivesse abrindo uma caixa de ferramentas. De lá, você tira alguns indicadores:

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    No canto da caixa tem algo que você não havia usado ainda: a Taxa Interna de Retorno. Também conhecida como TIR (ou Internal Rate of Return - IRR em inglês), é a taxa que irá igualar o fluxo de caixa antecipado para o valor do investimento.

    Como você verá, a TIR está muito relacionada com o Valor Presente Líquido e a Taxa Mínima de Atratividade. Por isso, sugerimos que caso você tenha alguma dúvida, clique nos links de cada indicador para saber um pouquinho mais, ok?

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      O que é a Taxa Interna de Retorno?

      Do inglês Internal Rate of Return, a Taxa Interna de Retorno (TIR) é um método muito utilizado para análise da viabilidade de projetos de investimento e no campo da engenharia econômica.

      A TIR calcula a taxa de desconto que deve ter um fluxo de caixa para que seu Valor Presente Líquido (VPL) iguale-se a zero.

      Antes de prosseguirmos, é importante que você entenda o conceito do Valor Presente Líquido, pois o mesmo está diretamente relacionado ao conceito de TIR:

      O VPL traz ao valor presente um valor futuro. Ele representa a diferença entre os recebimentos e os pagamentos de um projeto de investimento em valores monetários atuais (de hoje).

      Ok, voltando ao nosso assunto principal. Se tivermos que explicar a Taxa Interna de Retorno diremos que ela é usada para avaliar a atratividade de um projeto ou investimento. Assim, temos:

      Por que entender sobre a Taxa Interna de Retorno (TIR)?

      A Taxa Interna de Retorno reflete a qualidade de um investimento. Ela é utilizada amplamente por empresas para determinar se devem ou não investir. Além disso, gestores financeiros fazem uso da TIR para comparar diferentes opções de investimentos.

      Por exemplo, um investimento X será escolhido se sua Taxa Interna de Retorno for maior que aquela de um investimento Y (considerando o mesmo risco para ambas as opções, claro).

      A TIR pode também ser usada para calcular o tempo em que o dinheiro desvalorizará. Supondo que você pense em uma TMA de 9%, onde você investiria? Com certeza seria em uma opção cuja Taxa Interna de Retorno seja maior que os 9%.

      Vantagens da TIR

      Como veremos mais adiante, e como o próprio nome sugere, a TIR apresenta uma taxa como resultado: sua rentabilidade. Isso facilita a vida dos gestores, pois torna mais fácil a comparação com taxas definidas para custo de capital.

      Por ser expressa em percentual, a Taxa Interna de Retorno tem boa aceitação entre executivos financeiros. Aliás, para muitos a TIR é preferível ao VPL, pois o Valor Presente Líquido apresenta como resultado um número natural. Justamente por isso a TIR é amplamente difundida e já tornou-se padrão tanto em planilhas eletrônicas como calculadoras financeiras.

      Mas talvez a principal vantagem do método TIR seja sua facilidade de interpretação, pois o cálculo apresenta uma taxa para cada projeto. Neste caso, se você precisa decidir entre dois projetos ou investimentos, aquele que tiver a maior Taxa Interna de Retorno será sua melhor opção.

      Algumas ressalvas devem ser feitas ao serem comparados dois projetos. Este item, aliás, entra como vantagem e desvantagem na aplicação do método TIR. É o que veremos a seguir.

      Desvantagens da TIR

      Já sabemos que a TIR mostra ao investidor o percentual de retorno de um projeto. No entanto, o que ela não mostra é sobre o risco que a empresa corre (ou até mesmo o investidor) para obter esse retorno.

      Imagine dois projetos diferentes, que tenham a mesma projeção de fluxo de caixa e os mesmos prazos. Se algo der errado durante um dos projetos as perdas que eles causarão não serão iguais. Isso porque a Taxa Interna de Retorno revela apenas os retornos esperados, e não as potenciais perdas dos investimentos.

      Outra desvantagem desse método para análise de viabilidade de um projeto é que, se os fluxos de caixa não forem uniformes, o projeto poderá apresentar taxas múltiplas. Além disso, existe uma limitação da análise da TIR quando ocorrem mudanças no sinal do fluxo de caixa. Geralmente, quando isso ocorre é gerada uma Taxa para cada mudança. Isso torna um pouco mais difícil a análise de viabilidade do projeto.

      A TIR também não considera o custo do investimento. Em outras palavras, acaba não sendo uma boa opção caso um projeto tenha saídas de caixa após ter gerado o fluxo. Outro ponto negativo é a necessidade de se estimar os custos iniciais a fim de calcular a TIR. Um pequeno erro neste fase pode significar um grande prejuízo lá na frente.

      Quer um exemplo? Digamos que os custos iniciais de um projeto estejam estimados em R$ 50 mil. As estimativas de seus fluxos de caixa futuros são de R$ 100 mil. Com isso, o lucro projetado passa a ser R$ 50 mil, que será descontado para um valor presente de zero. Imagine que a TIR foi de 35%. Se, ao invés dos R$ 50 mil iniciais o valor suba para R$ 80 mil a TIR cairá para 9,56%.

      Faz diferença, não é mesmo?

      Fórmula da Taxa Interna de Retorno

      Apenas a título ilustrativo, dá uma olhada na fórmula da TIR:

      Onde:

      VP = valor presente;
      Capital = valor do investimento;
      N = quantidade de períodos;
      Ft = entrada de capital no período t;
      i = taxa interna de retorno.

      Explicando a fórmula:

      Calculando a Taxa Interna de Retorno

      Vamos reforçar algo que você já deve estar careca de saber: antes de qualquer análise, é preciso estar certo de que a projeção de fluxo de caixa esteja muito bem elaborada e com todas as informações corretíssimas.

      Dito isso, vamos seguir em frente. Para avaliar a viabilidade de um projeto através da Taxa Interna de Retorno, podemos usar uma calculadora científica ou a função TIR do Excel. O investimento inicial será a base do cálculo, e virá acompanhado de uma série de fluxos de caixa positivos.

      Trazendo tudo isso para a prática, vamos a um exemplo:

      Sua empresa fará um investimento inicial de R$ 100 mil. A previsão é de que no primeiro ano o retorno seja de R$ 60 mil somados com outros R$ 60 mil no ano seguinte. Queremos saber a Taxa Interna de Retorno, portanto, conforme vimos, devemos igualar o VPL a zero.

      VPL = 0 = -R$100 + R$60/(1+TIR) + R$60/(1+TIR)2

      A única maneira de calcular a TIR é por tentativa e erro. Vamos imaginar uma taxa de 10% e outra de 15%.

      VPL = 0 = -R$100 + R$60/1,1 + R$60/1,12 = R$ 4,13

      VPL = 0 = -R$100 + R$60/1,15 + R$60/1,15² = - R$ 2,46

      Observando os resultados acima, a que conclusão chegamos? Bom, para um Valor Presente Líquido igual a zero a TIR deve ficar em um ponto entre 10% e 15%. Se formos prosseguir com os cálculos, chegaremos a uma TIR de 13,1%.

      Isso significa que se o retorno exigido for menor que 13,1%, o projeto será viável. Caso seja maior que 13,1% o mesmo deverá ser rejeitado.

      Calculando TIR no Excel

      Você vai concordar que usar o Excel é muito mais fácil que a fórmula, não é mesmo? Então, vamos aproveitar a função TIR e analisar o seguinte quadro:

      Sua empresa vai realizar um investimento de R$ 100.000,00, com receita líquida mensal de: R$ 10.000,00; R$ 16.000,00; R$ 24.000,00; 32.000,00 e R$ 33.000,00. Qual será a Taxa Interna de Retorno?

      Em nosso exemplo, após colocar os dados na planilha e aplicar a função “=TIR()”, encontramos o resultado de 4%. Para analisar a viabilidade, uma boa pedida é verificar a Taxa Mínima de Atratividade.

      Cuidados ao usar a Taxa Interna de Retorno

      Um dos maiores erros que as empresas cometem é utilizar somente a Taxa Interna de Retorno para avaliar a viabilidade de um investimento. Quando utilizado sozinho, existe uma probabilidade maior de tomar uma decisão errada, especialmente ao comparar dois projetos com durações diferentes. O mais indicado é fazer uso da TIR combinado com outros métodos, como o Valor Presente Líquido e o Payback.

      Pense em uma situação em que um projeto com um ano de duração tem uma TIR de 25%, enquanto um de 10 anos possui a TIR de 14%. Se você apenas tomar como base a Taxa Interna de Retorno é bem provável que favoreça o primeiro, o que seria um erro. Isso porque é muito melhor ter uma TIR de 14% por 10 anos do que 25% por um ano caso sua Taxa Mínima de Atratividade seja de 10% durante o período.

      Outro cuidado que se deve ter é sobre o valor do dinheiro no tempo. Pela TIR, os fluxos de caixa futuros são reinvestidos na própria TIR e não no custo de capital da empresa. Portanto, a Taxa Interna de Retorno não relaciona o custo de capital e o valor do dinheiro no tempo como o VPL.

      Exatamente por isso que a melhor dica é a de usar vários indicadores em conjunto. Desse modo você terá uma melhor visão do que esperar do seu investimento. E é justamente pela importância de cruzar resultados para uma avaliação mais completa, que preparamos um e-book todinho sobre Indicadores Financeiros para Análise de Investimentos:

      Ligando os pontos… 

      Como você percebeu neste e em outros artigos, muito mais importante do que o método a ser utilizado para análise de viabilidade de um projeto é a elaboração de um correto fluxo de caixa. Ele é a base para o início de qualquer análise.

      Se algo começa errado, é um pouco difícil que dê certo. Por esse motivo, para garantir que a metodologia utilizada não traga um valor errado ao investidor, a preocupação com uma projeção de fluxo de caixa correta é importantíssima!

      Hoje, falamos especificamente sobre a Taxa Interna de Retorno que, como outras ferramentas para analisar o retorno de um projeto, tem suas vantagens e desvantagens.

      Como principal vantagem citamos a facilidade na interpretação do resultado. Já como desvantagem, mencionamos que essa simplicidade pode fazer mal, pois a TIR não considera em seus resultados os riscos de um projeto ou investimento.

      Observe também que o recomendado nunca é utilizar somente a Taxa Interna de Retorno em suas avaliações. Outros indicadores devem ser usados em conjunto. Aqui no artigo citamos o Valor Presente Líquido, mas existem outros tão importantes quanto e que também deve ser usados.

      Esperamos que esse artigo tenha sido útil para você. Aproveite e conte para gente o que você achou. Deixe sua opinião nos comentários. Até a próxima!