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8 indicadores econômicos para monitorar e usar no planejamento orçamentário

TR, Selic, IPCA, IGPM, INPC... Essas siglas podem parecer bem estranhas para muita gente, mas são indicadores econômicos e financeiros que fazem parte da rotina de qualquer controller, ou pelo menos deveria fazer já que ele está diretamente ligado ao planejamento orçamentário da empresa. Esses indicadores dão um panorama de como está a economia do país. Saber interpretá-los e conhecê-los bem permite ler os sintomas dessa economia e pode ser um diferencial na hora das tomadas de decisões.

Por mais distante que isso possa parecer da realidade das empresas, aquela que souber aproveitar bem os dados, sairá na frente. Um exemplo do que estamos falando foi dado durante a Semana do Planejamento Orçamentário, realizado pela Treasy, onde o CEO da Exact Sale, Theo Orosco, disse que acompanha sim os dados macroeconômicos porque eles acabam interferindo em alguns projetos, além de permitir a identificação dos melhores mercados para conquistar novos clientes. Ele comentou ainda que a folha de pagamento e impostos costumam acompanhar, de um jeito ou de outro, esses índices. E tudo interfere no orçamento.

Outro exemplo de como esses índices interferem numa empresa é de quando o termo macroeconomia surgiu, após a grande depressão de 1929. Com o colapso econômico, ficou clara a necessidade de estudos preventivos desses números. Para entender um pouco mais sobre o cenário e os movimentos do capital, é preciso saber que a macroeconomia compõe uma estrutura formada por cinco mercados:

  1.    Mercado de Bens e Serviços: relacionado aos níveis de produção agregada e de preços.
  2.    Mercado de Trabalho: regido pelo nível de emprego, pelas taxas de salário e pela mão de obra.
  3.    Mercado Monetário: por meio do Banco Central do Brasil (BCB), que estabelece a taxa de juros, regula a demanda e a oferta de moeda.
  4.    Mercado de Títulos: regido pela comparação entre renda e gastos, analisa e classifica agentes econômicos superavitários e deficitários.
  5.    Mercado de Divisas: indica se a balança comercial é positiva ou negativa, deduzindo a quantidade de produto exportado pela de produto importado, ou seja, da moeda estrangeira ou nacional que entra ou sai do país.

Entender como funcionam esses mercados por meio de indicadores econômicos é uma forma de manter os planos financeiros de uma empresa alinhados às tendências. Qual é o momento de voltar a crescer em larga escala? Como continuar no topo da curva de crescimento? Você, na posição de controller, precisa saber responder essas perguntas. Para isso, precisa conhecer os índices econômicos mais importantes.

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    Os principais indicadores econômicos

    As empresas precisam ter em mente a importância de deixar de lado o desconhecimento dos indicadores econômicos e assumir o protagonismo na leitura de cenários por meio desses números. O “economês” pode ser um idioma distante para muitos, mas quanto maior o entendimento, melhor o resultado, principalmente para profissionais como o gestor financeiro ou controller. Listamos as principais siglas para você ter sempre à vista:

    #01: Taxa referencial (TR)

    Durante o Governo Collor, foi implantada a Taxa Referencial (TR) para recolher juros mais estáveis, já que a regulação pela inflação, que chegou a 1600% e se mostrava inviável para determinar o valor do dinheiro. Essa taxa é observada principalmente na poupança. O cálculo da TR depende da Taxa Básica Financeira (TBF) reúne informações dos juros praticados pelos 30 maiores bancos do país.

    Outro sistema regulado por esse índice é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Não é à toa que todos reclamam de deixar o dinheiro neste fundo, pois os ganhos pela TR são baixos e não chegam a metade da inflação. Esse baixo desempenho da taxa fez com que o governo de Michel Temer liberasse o saldo das contas inativas do FGTS, para fazer circular o dinheiro na economia.

    O juros aplicado nas parcelas de um imóvel também é baseado no TR, por exemplo. Por isso, estar atento à taxa pode ajudar na hora de definir a aquisição de um novo imóvel por meio de financiamento ou continuar no aluguel.

    #02: Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic)

    A partir da Selic é possível ter uma noção de quanto dinheiro há no mercado, porque é basicamente isso que ela mostra, já que é a taxa de juros praticada pelos bancos nos empréstimos. Quanto mais alto o percentual da Selic, mais a empresa precisa contar com reservas financeiras próprias e evitar os empréstimos. Acompanhando essa taxa, você consegue monitorar os juros aplicados no mercado e prever melhor seu Orçamento de Investimento.

    #03: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

    O IPCA é considerado o índice oficial de inflação do país e foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços para o público final. Medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele pode dar um panorama de como a inflação pode afetar a procura por determinado produto, por exemplo.

    A alta ocorre sempre quando há procura maior do que a capacidade que o mercado tem de produzir, que se chama inflação de oferta. O contrário também é possível e recebe o nome de inflação de demanda. Os dois movimentos tornam o preço da moeda brasileira instável. Com a finalidade de controlar os preços do mercado, o BCB desestimula o crédito, aumentando a taxa básica de juros. Aí a Selic volta a entrar em cena.

    Mas a inflação é boa ou ruim para você? Tudo depende do que está causando a variação de preço no mercado em que sua empresa atua. Se a inflação for de oferta, pode comemorar! Do contrário, você terá que investigar por qual motivo a demanda pelo seu produto está caindo, então não se esqueça de refletir essas estratégias no seu Orçamento de Vendas.

    Aproveitando o gancho, se você precisar de um auxílio para formular a precificação dos seus produtos, confira o material que criamos sobre o assunto:

    #04: Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)

    Entre todos os indicadores financeiros, o que mais se assemelha ao INPC é o IPCA, pois ambos são calculados pelo IBGE, com base no Sistema Nacional de Preços ao Consumidor (SNIPC). A diferença entre os índices está na amostragem: enquanto um envolve aspectos abrangentes da economia do produtor ao consumidor , o outro se atém à população de menor poder aquisitivo. Este é um índice importante para as empresas que investem em mercados com poder aquisitivo mais baixo (C, D e E).

    #05: Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM)

    A conta de energia aumentou e o aluguel da sede da empresa também. Saiba que ambos os preços são regulados pelo IGPM. Na verdade, você pode até prever o aumento, simulando cálculos a partir do índice acumulado nos 12 meses anteriores ao aniversário do contrato. É um dos índices econômicos mais importantes caso a sua empresa esteja cogitando a possibilidade de mudar de sede. O IGPM é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgado ao fim de todo mês. Acompanhá-lo significa estar sempre com os preços atualizado e entendê-lo pode ajudar a explicar porque o preço dos produtos foi alterado. Assim, o setor de vendas, por exemplo, tem argumento e poder de barganha com os clientes.

    #06: Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC)

    Pensou em mudar de sede, calculou o IPGM acumulado, mas como estão os preços dos imóveis? Mais do que o valor do Custo Unitário Básico (CUB), você precisará saber como anda o INCC. Assim como o IGPM, esse é mais um dos indicadores econômicos calculados pela FGV.

    Um INCC alto significa que sua empresa pode adiar a compra daquele imóvel e continuar investindo em aluguel, a não ser que o IGPM, já explicado neste texto anteriormente, também esteja muito elevado.

    #07: Produto Interno Bruto (PIB)

    Quer saber como anda a economia brasileira? Olhe o Produto Interno Bruto (PIB) produzido ao longo da década. O último ano de crescimento do PIB na história recente foi 2013. Significa que há quatro anos o indicador econômico mais importante para a saúde financeira do país não apresenta reações positivas que encorajem o empreendedor a ousar no mercado.

    Esse é um índice que traz a soma de todos os valores produzidos em bens e serviços brasileiros durante o período de um ano. O que não impede que sejam feitos cálculos parciais, em períodos curtos, para conseguir respostas mais imediatas para ações de emergência.

    Saiba que um PIB em queda não diz respeito a perdas nos índices de desenvolvimento, porque não considera dados da educação, da qualidade de vida e da distribuição de renda, por exemplo. Mas é um bom termômetro para saber o quanto a indústria produziu, indicando se a economia está ou não aquecida. Um PIB que cai por dois trimestres consecutivos indica recessão técnica e é a partir da interpretação desse indicador que surge o conceito de crise. Ao contrário, quando há retorno do crescimento, mesmo que tímido, significa que é preciso ter cautela, mas manter a confiança.

    #08: Dólar

    Confesse, o dólar já fez você suspirar de ansiedade e de alívio. Ainda mais a partir de 1999, quando o Brasil passou a adotar o câmbio flutuante, em que o preço da moeda estrangeira depende apenas do mercado e não é regulado pelo Estado, por meio de regras de câmbio fixo. A taxa de compra e venda é definida de acordo com as leis de demanda e oferta. Para encontrar valores atualizados, você pode consultar o sistema do BCB chamado Sisbacen.

    Os mais favorecidos pela alta do dólar são os exportadores, que recebem por suas mercadorias em moeda estrangeira. Se sua empresa exporta produtos, lembre-se de fazer a projeção de alta no dólar no seu orçamento de vendas. Além deles, quem trabalha com turismo interno e com produtos nacionais também vê o consumo aumentar. Já o dólar em baixa beneficia os importadores, o turismo internacional e a inflação. Esta última passa a ser regulada pela competição de produtos estrangeiros em território nacional, o que faz os preços caírem. Se sua empresa, por exemplo, importa matéria-prima, lembre-se de refletir a alta ou a baixa do dólar no orçamento de custos.

    Índices econômicos: onde pesquisar

    Banco Central do Brasil (BCB)

    O BCB regula boa parte dos indicadores econômicos, do valor comercial do dólar ao preço de produtos e serviços, e é responsável por emitir o relatório Focus. Tem também um espaço em seu portal para veicular os índices consolidados.

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

    O IBGE é fonte para as mais diversas áreas de pesquisa e se destaca nos índices econômicos, inclusive do IPCA e do INPC. Os indicadores atualizados estão disponíveis para livre consulta.

    Fundação Getúlio Vargas (FGV)

    Os Índices Gerais de Preços (IGP) da FGV também estão disponíveis online.

    Conclusão

    Manter a empresa atualizada, dominando o “economês” é fator de sucesso para o planejamento financeiro. Por isso, saber o que significa todo os índices econômicos e como estão é fundamental para direcionar os investimentos da organização e tomar as melhores decisões financeiras para o negócio. Mas a interpretação correta depende das ferramentas que você dispõe para fazer a leitura e as análises dos números e da constante atualização das informações.

    Por isso, para conseguir se dedicar mais a análise dos índices econômicos e cenários, o uso de soluções automatizadas para o planejamento orçamentário podem ser uma excelente saída.

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