Um acrônimo com três letras. Como já publicamos aqui no blog, o ROI (Retorno sobre Investimento) é a palavra de ordem no ambiente empresarial. É impossível imaginar uma Gestão por Resultados sem pensar: “qual será o ROI?”.
Igualmente, é impossível imaginar uma empresa sadia que não esteja criando valor, seja para um acionista, para o cliente ou para ela própria, por exemplo. Seguindo a linha, não tem como analisar o ROI sem tratarmos de uma questão importante: as diferentes características do Custo de Capital, bem como as vantagens e desvantagens do Capital Próprio x Capital de Terceiros.
Mas, vamos por partes. Existem algumas maneiras de avaliar o negócio. Uma delas, como também já vimos, é por meio do fluxo de caixa (lembrando que através dele é possível fazer uma projeção de todas as entradas e saídas dos recursos para um período projetado). A outra, que é nosso ponto inicial de discussão aqui, é através do Custo de Capital. Neste grupo entra uma questão importante: capital próprio ou capital de terceiros?
Escolher corretamente a estrutura de capital faz toda a diferença (qual capital utilizar? Qual a porcentagem que cada um terá no meu negócio?). Uma escolha errada pode significar aumento desnecessário de custos ou perda de atratividade da empresa. Ambas as situações, claro, são opções indesejáveis para qualquer empresário e serão prejudiciais aos negócios. No mesmo raciocínio, o equilíbrio de capitais dará mais vigor e uma boa oxigenação à empresa.
Assim, pare por um instante e faça uma rápida reflexão olhando para o seu negócio:
- Qual você consideraria a forma mais vantajosa?
- Qual seria a menos onerosa?
Para auxiliar na sua resposta, preparamos um artigo completíssimo, com os principais pontos a serem levados em consideração. Esperamos que seja útil para você! Confira:
Por que buscar por Capital?
Uma empresa que cresce com os próprios lucros demora mais a crescer: é preciso esperar os meses passarem, gerar lucro, expandir, esperar novamente e expandir mais um pouquinho. Neste caso, o capital adicional pode funcionar como uma alavanca e acelerar o processo de crescimento do negócio.
Além do capital para crescer, é preciso capital também para começar a empresa, como por exemplo: para criar o estoque inicial, comprar equipamentos mínimos e pagar despesas fixas (salários, água, luz, etc). O empreendedor também precisa colocar na ponta do lápis os recursos que precisa ter para sobreviver por um período. Enfim, é preciso pensar na necessidade de capital de giro (NCG).
Seja então para iniciar um negócio ou expandi-lo, uma hora ou outra a busca por capital vai estar na pauta do empreendedor. Nesse momento é preciso analisar qual será estrategicamente a melhor opção para a empresa: capital de terceiros ou capital próprio.
Entendendo o Custo de Capital, o Capital Próprio e o Capital de Terceiros
Antes de nos aprofundarmos na análise, vamos deixar claro algumas definições:
O Custo de Capital de uma empresa é o retorno mínimo exigido pelos credores e acionistas (ou seja, os financiadores de recursos) para determinar a viabilidade de investimento no negócio.
O Capital Próprio tem a ver com o patrimônio líquido (PL), ou seja, como o nome sugere sua origem está na própria atividade econômica e pode ser avaliado pelos lucros, por exemplo. Em outras palavras: são os recursos que provém dos proprietários (ou de sócios e acionistas).
A maioria das empresas, e isso inclui companhias renomadas como Google, Microsoft e Apple, começaram com capital próprio. Nesta modalidade, o fluxo de caixa é residual e é representado pelo pagamento de dividendos.
Já o Capital de Terceiros está relacionado com o passivo real ou passivo exigível (obrigações da empresa com terceiros) e representa, também como o nome implica, todos os investimentos feitos por meio de recursos de entidades externas. Um dos exemplos mais comuns nesse caso são os financiamentos e empréstimos, sejam de curto, médio ou longo prazo. O fluxo de caixa neste caso é contratual, representado pela obrigatoriedade do pagamento de encargos contratuais.
Ok, definições dadas, podemos prosseguir. Importante ter em mente que a utilização de Capital Próprio x Capital de Terceiros requer uma série de análises que varia de empresa para empresa. A maioria utiliza uma combinação de Capital Próprio com Capital de Terceiros. Para facilitar o estudo, vamos ver algumas das vantagens e desvantagens que encontramos em cada um deles.
Vantagens do Capital de Terceiros
- O controle da empresa é todo seu. Talvez essa seja a maior vantagem na opção por capital de terceiros. O credor, seja quem for, não tem o direito de se envolver no negócio, de gerenciá-lo, etc.
- Previsibilidade. Ao fazer um empréstimo, você tem total conhecimento da quantia a ser paga, bem como de que maneira. Essas informações permitem um orçamento mais preciso. Especialmente para pequenas empresas, saber exatamente quanto será gasto mensalmente faz toda a diferença.
- Obrigações simples. A sua única obrigação com terceiros é de quitar sua dívida. Feito isso, a relação entre sua empresa e o credor termina e não existem mais vínculos.
Desvantagens do Capital de Terceiros
- Pagar o empréstimo, mais os juros. Além de ter que devolver uma quantia maior do que a recebida, o valor deve ser devolvido independentemente do quão bem-sucedido o negócio está.
- Utilizar o dinheiro para pagar devedores. A frase aqui é: pegou, pagou. O empresário deve ter em mente que por um período X uma quantia Y será utilizada para pagar dívidas, ao invés de ser injetada no próprio negócio.
- Reputação de alto risco. Empresas com grandes dívidas são consideradas de alto risco por investidores potenciais. No futuro, caso sua empresa queira levantar algum capital, será mais difícil encontrar investidores.
Vantagens do Capital Próprio
- Capital Próprio não precisa ser devolvido. Isso significa que todo o dinheiro gerado pelo fluxo de caixa pode ser utilizado para fazer o negócio crescer.
- Mais dinheiro no caixa. Como não há dívidas a serem pagas, o dinheiro em caixa pode ser utilizado para fazer o negócio crescer.
- Menor risco de falência. Se o negócio está indo mal, os credores podem forçar a empresa a decretar falência. Ao contrário, os investidores poderão aguardar uma mudança de cenário, ou, até mesmo investir mais dinheiro.
- Relação ganha-ganha. Seus sócios investidores serão também seus parceiros. Como todos caminham com o mesmo objetivo de maximizar os resultados, os conhecimentos podem ser trocados e, por conseguinte, a empresa poderá beneficiar-se com novas visões de mercado e diferentes experiências. Um novo know-how estratégico ou novas formas de liderança podem ser um gatilho para mudanças ainda maiores e mais rentáveis no futuro.
Desvantagens do Capital Próprio
- Perda de autonomia. Talvez essa seja uma das maiores desvantagens. Por ter um fluxo de caixa residual, os acionistas exercem controle na administração da empresa. Em tomadas de decisões, por exemplo, você sempre terá que consultá-los.
- Conflitos. Poderão existir diferenças de visões tanto em aspectos gerenciais quanto na própria visão do negócio.
- Distribuição dos lucros. Do ponto de vista do empreendedor, com o passar do tempo a distribuição dos lucros pode exceder o que ele gastaria pagando um empréstimo ou financiamento.
Criando valor com Capital Próprio e Capital de Terceiros
Agora, imagine o seguinte:
- Você tem um projeto e, como tal, vai ter um custo de capital (k)
- Esse projeto vai gerar um fluxo de caixa.
Como determinar (ou não) sua implementação? Um projeto será viável se o valor do fluxo de caixa descontado pelo custo de capital for positivo. Neste caso, significa que a empresa está gerando valor para o acionista e tem um ROI maior que o custo de capital.
Veja abaixo como calcular o custo de capital:
- K = custo de capital
- J = juros
- d = dividendos
- cp = capital próprio
- ct = capital de terceiros
Falando especificamente dos dois tipos de capitais abordados neste artigo, vamos dar uma olhada nas fórmulas separadamente:
Custo de capital próprio (Kp):
- Kp = custo de capital próprio
- d = dividendos
- cp = capital próprio
Custo de capital de terceiros (Kt):
- Kt = custo de capital de terceiros
- J = juros
- C = capital de terceiros
Lembrando que o custo de capital de terceiros deve, na teoria, ser menor que o custo do capital próprio.
Custo Médio Ponderado do Capital (WACC)
Agora vamos tratar de investimentos. Você quer investir na sua empresa. Ou, imagine que você quer atrair investidores. Como saber se este é o momento certo? Como analisar a viabilidade do investimento? O Custo Médio Ponderado do Capital, o CMPC (ou WACC do inglês Weighted Average Capital Cost), pode servir como ajuda para esta etapa.
O CMPC é a média ponderada entre o custo de capital de terceiros e o custo de capital próprio, ou seja: a composição de recursos que estão à disposição da empresa. O resultado desse cálculo vai indicar o nível de atratividade mínima do investimento.
Para entender melhor sobre o CMPC é preciso destacar duas definições:
- Ativos: fundos aplicados na empresa
- Passivo: origens dos recursos
A soma dos ativos com os passivos formam a estrutura patrimonial - lembrando que ela pode ser composta de capitais próprios ou de terceiros. Tendo essas informações é necessário definir os pesos/valores percentuais de cada passivo.
Por exemplo: O custo do capital próprio da empresa XYZ é de 12% e o custo de capital de terceiros é de 18%. Na estrutura de capital os pesos são, respectivamente 70% e 30. Fazendo a média ponderada, temos o resultado do Custo Médio Ponderado de Capital:
CMPC= (12*0,70) + (18*0,30) = 13,8%.
Isso significa dizer que o retorno mínimo que a empresa XYZ deve dar para ser atrativa aos investidores é de 13,8%.
O exemplo acima é simples e serve para ilustrar a importância de serem feitas todas as análises possíveis antes de iniciar novos investimentos. Como já dissemos, não há espaços para erros no mundo da Gestão Financeira e as fórmulas dadas anteriormente também serão úteis para análise.
Capital Próprio ou Capital de Terceiros: fatores de decisão
Imagine que você vá comprar um carro. Antes de começar a procurar, é necessário analisar todos os recursos disponíveis. Caso haja algum outro automóvel para considerar no negócio, é necessário estimar seu valor. Além disso, é preciso definir a forma de pagamento: se for por meio de um financiamento, qual o valor máximo das parcelas que você poderá bancar? Por quanto tempo você está disposto a estar amarrado a essa dívida? Será que não seria melhor esperar ter 100% do recurso no bolso para realizar a compra?
Agora aplique isso ao mundo dos negócio: você precisa fazer investimentos operacionais para ampliar uma área da empresa, o portfólio de produtos ou a carteira de clientes. De onde virá esse aporte financeiro? A empresa optará por Capital Próprio ou Capital de Terceiros?
Nessa jornada, é preciso decidir o que fazer e muitos fatores devem ser levados na hora da decisão. Estes fatores, claro, não são definitivos porque temos que lembrar que todo negócio caminha conforme o mercado e suas oscilações, bem como cada setor tem um tipo de reação.
A estruturação do capital, vindo de recursos de terceiros ou não, deve ser bem elaborada a fim de maximizar os lucros da empresa (lembre-se: tudo gira em torno do ROI). É por isso que muitos gestores financeiros dizem que é a estrutura de capital que vai determinar o sucesso do negócio.
Como vimos, existem vantagens e desvantagens na escolha do capital a ser utilizado. Separamos alguns questionamentos, baseados nos tópicos citados no item anterior, que podem dar um auxílio para reflexão.
Iniciando com alguns pontos do capital de terceiros:
- O controle da empresa é todo seu. Para você, quão importante é ter total controle do seu negócio?
- Previsibilidade. Se colocar numa balança, é realmente importante você saber precisamente quanto deve mensalmente em pagamentos?
- Obrigações simples. Ok, sua “única” preocupação é a de pagar credores. Mas, realizar pagamentos mensais para pagar empréstimos é algo que funciona para você?
É importante ressaltar também que se você tiver confiança de que o negócio terá um lucro saudável, talvez um empréstimo funcione melhor do que precisar dividir os lucros mais para frente.
Uma outra questão a ser levada em consideração é o quanto a empresa quer crescer e em qual velocidade. Geralmente, empresas que utilizam de recursos de terceiros têm um crescimento mais acelerado do que as que fazem uso apenas de recursos próprios, mas isso não é regra.
Prosseguindo, vamos pegar alguns tópicos do capital próprio:
- Perda de autonomia. Se você tem uma característica de ser mais independente, ou de não querer compartilhar de decisões, provavelmente um empréstimo seja melhor do que dar algum grau de controle a um acionista.
- Distribuição dos lucros. Seus investidores esperam (e merecem) uma fatia dos lucros. Você prefere dar uma fatia do bolo para um acionista ou pagar uma quantia fixa ao banco?
Não podemos esquecer do Risco do Negócio: se o negócio é de alto risco, o endividamento deve ser baixo.
Por fim, é sempre bom ter em mente que ambas as opções funcionam como engrenagens financeira
s da empresa e, como tal, devem trabalhar sem paradas. Tanto o capital próprio quanto o capital de terceiros têm seus custos, prós e contras. O que vai determinar o sucesso da opção escolhida é a análise aprofundada e a boa administração desses capitais.
Recapitulando e fechando...
Agora que você já conhece tudo sobre este assunto, vamos recapitular os pontos mais importantes que você deve considerar ao criar a estrutura de capital de sua empresa:
- Os recursos do Capital Próprio proveem dos proprietários, e/ou sócios e/ou acionistas.
- Os recursos do Capital de Terceiros proveem de entidades externas (empréstimos, por exemplo).
- Com Capital Próprio uma fatia dos lucros deverá ser dividida entre acionistas e investidores.
- Utilizando Capital de Terceiros, uma vez que a dívida foi paga a relação entre a empresa e o credor é encerrada.
- Empresas que querem crescer de maneira mais acelerada na maioria das vezes optam por recursos de terceiros.
- A cada dívida o risco da empresa aumenta e, com isso, fica mais oneroso e difícil contrair dinheiro via o caminho da dívida. Com recursos próprios a empresa não entra na lista de “endividados”.
Lembrando que não existe bala de prata e cada negócio é diferente (assim como cada momento econômico exige uma ação diferente). O administrador precisa conhecer o que há disponível e ter discernimento de saber o que funciona e o que não funciona para sua empresa, nunca esquecendo de que o primeiro passo para um negócio de sucesso é uma gestão competente.
Ficou claro para você? Agora volte para as duas questões lá no início do artigo e veja se você consegue definir melhor a resposta. O importante é sempre ter em mente que a maneira como os ativos e passivos devem ser gerenciados está ligada aos retornos esperados. E, isso, sempre com os olhos atentos no horizonte, ou seja, com atenção às ameaças e aos riscos do negócio.
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