Quanto sua empresa teve de despesas no último semestre? Mais do que isso: qual foi seu faturamento nesse período? A resposta não precisa estar na ponta da língua, mas você precisa, sim, ter um relatório que compila essas informações. Saber dessa necessidade é o primeiro passo para adotar as demonstrações contábeis.
Obrigatória pela Lei 6.404/76 para empresas que possuem acionistas (independente do regime tributário), as demonstrações contábeis representam a performance financeira e econômica de uma empresa. Geralmente desenvolvida em relação a um período de exercício de 12 meses, boa parte das demonstrações são (ou deveriam ser) acompanhadas mensalmente.
Para que não restem dúvidas, vamos às definições.
- 1. Balanço Patrimonial
- Como criar um Balanço Patrimonial?
- 2. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
- Como criar um DRE?
- 3. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)
- Como criar um DLPA?
- 4. Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC)
- Como criar um DFC?
- 5. Demonstração de Valor Adicionado (DVA)
- Como criar um DVA?
- 6. Notas explicativas
- Como criar uma nota explicativa?
- 1. Análise vertical e horizontal no DRE
- 2. Resultado (DRE) vs Caixa (DFC)
- 3. Indicadores financeiros do DRE
- 4. DRE Projetado (ou Orçamento Empresarial)
O que são demonstrações contábeis?
Demonstrações contábeis são relatórios de desempenho que expõem a performance financeira e econômica de uma empresa. O objetivo é ter transparência das informações entre empresa, acionistas e sócios. Dessa forma (e segundo a Lei 6.404/76), as demonstrações são obrigatórias para empresas que possuem acionistas.
Em outras palavras, as demonstrações contábeis mostram os resultados de faturamento, lucro bruto e líquido, despesas e investimentos feitos ao ano.
Qual o objetivo das demonstrações contábeis?
Você já deve ter ouvido que “o que não é medido, não é gerenciado, e o que não é gerenciado, não pode ser melhorado”. Essa frase resume bem o papel das demonstrações contábeis.
O principal objetivo das demonstrações contábeis é revelar informações valiosas sobre o desempenho econômico e financeiro de sua empresa, servindo de apoio para a tomada de decisão dos gestores, sócios e investidores.
O Demonstrativo de Resultados do Exercícios (DRE), por exemplo, apresenta uma síntese econômica completa das atividades de uma empresa em um determinado período de tempo, demonstrando claramente se há lucro ou prejuízo. Já o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) complementa essa visão, demonstrando a posição financeira no período analisado, ou seja, o quanto do resultado está sendo convertido em caixa para a empresa honrar seus compromissos e crescer.
Sendo assim, uma empresa que almeja tomar melhores decisões em sua gestão, deve ser capaz de analisar os diversos demonstrativos contábeis de forma complementar e, preferencialmente, com uma regularidade mensal.
Quais são as demonstrações obrigatórias pela Lei 6.404/76?
P.S.: a coleta, análise e estrutura das demonstrações são um processo trabalhoso e que apenas a prática o torna mais fácil. Portanto, caso você não tenha uma contabilidade interna em sua empresa, considere terceirizar essa função. Mas vamos às demonstrações.
1. Balanço Patrimonial
Como o próprio nome sugere, Balanço Patrimonial é o demonstrativo que apresenta o avanço do patrimônio de uma empresa. Com patrimônio entende-se todos os ativos (bens que geram lucro) e passivos (todas as obrigações financeiras).
O Balanço Patrimonial é estruturado da seguinte maneira:
Como criar um Balanço Patrimonial?
O Balanço Patrimonial é feito com base nos registros contábeis pré-existentes. Dessa forma, o balanço serve como um “compilado dessas informações”. Para tornar o processo mais fácil, utilize do Modelo de Balanço Patrimonial.
2. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Ao lado do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), o DRE é uma das demonstrações financeiras mais importantes. De forma simples, o DRE é o relatório responsável por mostrar (anualmente ou mensalmente) se a empresa está tendo lucro ou prejuízo.
Também conhecido como Demonstrativo do Resultado do Exercício, o DRE é composto por receitas, despesas e deduções tributárias. A partir dessa demonstração a empresa pode tirar relatórios como:
- Receita líquida;
- Margem bruta;
- Margem de contribuição;
- EBITDA;
- Resultado operacional;
- e Resultado Líquido.
O DRE possui uma estrutura simples e, assim como o Balanço Patrimonial, é necessário ter registros contábeis anuais ou mensais anteriores. A estrutura é a seguinte:
Como criar um DRE?
Com a estrutura anterior já é possível ter uma ideia de como é feito, certo? Mas, de qualquer forma, recomendo utilizar um Modelo de Demonstração de Resultado do Exercício para poupar seu tempo com planilhas e estruturação. No modelo é só ir preenchendo os campos com os respectivos dados. Ao fim, você terá seu DRE pronto.
3. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)
A DLPA é geralmente a última demonstração feita, geralmente ao fim do ano. Isso porque é um acumulado do exercício de um determinado período. O objetivo da DLPA é, além de mostrar os lucros e prejuízos, tornar mais transparente a quantidade de impostos com base no lucro pagos pela empresa.
Como criar um DLPA?
Existe um motivo de ser uma das últimas demonstrações feitas: os dados podem ser retirados de outro relatórios, com o balanço e o DRE. Os pontos que o DLPA deverá considerar no relatório são:
- (+) Ajustes do exercício anterior;
- (+) Reversões de reservas do lucro;
- (+) Lucro líquido
- (-) Prejuízo líquido;
- (-) Transferência para reservas de lucros;
- (-) Dividendos;
- (-) Parcela do lucro ao capital;
- (-) Dividendos antecipados
(=) SALDO
Para entender melhor sobre essa demonstração e ter uma visão detalhada de como estruturá-la, confira esse artigo aqui.
4. Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC)
Essa provavelmente é a demonstração mais comum de toda empresa, e deve ser regra básica para o controle financeiro. O DFC é todo o controle de entrada e saída monetária da sua empresa. Ao contrário do DRE, esse é um demonstrativo por regime de caixa, não de competência. O objetivo é claro, não é? Relatar toda quantia que entrou, saiu e para onde foram. Também fornece a visão de saldo mínimo no caixa, extremamente importante para a saúde financeira e projetos futuros.
Como criar um DFC?
O controle de caixa (que fornece a demonstração) é bem simples. Você deve, em linhas simples, registrar toda entrada e saída que acontecer em seu caixa. Considerando desde o ínicio o seu saldo mínimo em caixa. Para te ajudar logo no início a evitar erros, confira os problemas de caixa mais comuns e como evitá-los.
E, também, baixe nosso Modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa e comece o controle com estruturas pré-desenvolvidas.
5. Demonstração de Valor Adicionado (DVA)
A Demonstração de Valor Adicionado (DVA) é o relatório que apresenta os valores monetários conquistados pela empresa e como foram distribuídos durante o exercício. Essa demonstração substitui a antiga DOAR (Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos), descontinuada em 2007.
O objetivo é simples: evidenciar para os acionistas e sócios como a riqueza da empresa aumentou (ou diminuiu) com o passar do tempo.
Como criar um DVA?
As informações em um DVA, como todas as outras demonstrações, devem ser retiradas nas escrituras contábeis e em outras demonstrações. Aqui você pode conferir um ótimo modelo de um DVA desenvolvido pela Portal Contabilidade.
6. Notas explicativas
O Art. 176 da Lei 6.404/76 diz que “as demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício”. Portanto, as notas se tornam obrigatórias.
Nas notas você só deverá explicar, quando necessário, questões sobre as demonstrações contábeis anteriores. O objetivo é tornar a leitura das demonstrações o mais simples e entendível possível, eliminando qualquer tipo de dúvida.
Como criar uma nota explicativa?
Os critérios para criação das notas são descritas na lei, mas o mínimo que se espera de uma nota explicativa é:
- Esclarecimento sobre transições e patrimônio;
- Práticas contábeis não explícitas nas demonstrações;
- Esclarecimento sobre resultados e desempenho.
Demonstrações contábeis obrigatórias por empresa
A obrigatoriedade das demonstrações contábeis pode variar, tudo depende de qual classificação tributária sua empresa se enquadra. Confira na tabela abaixo a lista de demonstrações e sua respectiva obrigatoriedade por empresa.
Fonte: CRCPR
Porque utilizar as demonstrações para controle gerencial
Você conheceu até aqui a função das demonstrações contábeis como apresentações obrigatórias dos resultados financeiros de uma empresa. O que você provavelmente ainda não sabe é como as demonstrações podem ser um forte braço gerencial da sua empresa.
Ao contrário de fazer todo fim do ano apenas para cumprir exigências legais, as demonstrações, ao se tornarem parte do controle gerencial, fornecem uma visão mensal do desempenho e rendimento do seu negócio.
A Demonstração de Resultados do Exercício, por exemplo, expõe o desempenho mensal em relação a faturamento e despesas. É, também, o relatório essencial para executar um planejamento orçamentário.
Isso porque, como abordado, o DRE é um regime de competência. Ele considera todos os valores que irão entrar e sair para os próximos meses (se for projetado). Dessa forma, você poderá planejar seus investimentos, despesas e esforços em vendas para cada período.
4 exemplos de análise das demonstrações contábeis
Vamos à prática? Listamos aqui 4 exemplos práticos de análises que você pode fazer nos demonstrativos contábeis de sua empresa hoje mesmo:
1. Análise vertical e horizontal no DRE
Essa é uma análise simples mas muito poderosa.
Na Análise Vertical, você pode comparar cada linha do DRE de sua empresa com o a receita líquida, por exemplo. Essa análise ajuda a entender padrões, proporções, comportamentos ao longo do tempo e até mesmo para benchmark no seu mercado.
Na Análise Horizontal, entendemos o comportamento de uma mesa linha de despesa, por exemplo, em relação ao mês anterior, ajudando a identificar evoluções tendências.
Para se aprofundar, confira nosso artigo completo sobre Análise Vertical e Horizontal aqui.
2. Resultado (DRE) vs Caixa (DFC)
Falamos no início do artigo sobre a complementaridade das diversas demonstrações. DRE e DFC, por exemplo, quando compartilham uma Modelagem Financeira semelhante, podem ser comparados para entender a eficiência da empresa em transformar resultado em caixa mês a mês.
3. Indicadores financeiros do DRE
Uma análise mais objetiva e que pode servir de grande apoio na tomada de decisão. Existem vários indicadores financeiros que podem ser facilmente extraídos do DRE como: Margem de Contribuição, EBITDA, Ponto de Equilíbrio e Lucratividade.
Você pode conferir como extrair cada um deles em nosso artigo: 5 Indicadores de Desempenho fundamentais para gestão obtidos facilmente no DRE de sua empresa
4. DRE Projetado (ou Orçamento Empresarial)
Não podia faltar ele, o mais falado aqui no Blog. Se a sua empresa possui um DRE, ela está a poucos passos de um grande salto na gestão de resultados com a adoção do Orçamento Empresarial.
Lembra que o DRE compila os resultados do mês? Logo, ele também é base para planejar os resultados futuros de médio e longo prazo de sua empresa, podendo também ser utilizado como modelo para o controle orçamentário mensal entre Planejado x Realizado, como neste exemplo:
Concluindo
Agora que você já sabe o objetivo e a importância dos demonstrativos, e também aprendeu algumas análises poderosas em cima deles, sua empresa precisa utilizá-los na tomada de decisão para ontem.
Se a sua empresa já possui um DRE (caso não possua, baixe nosso modelo citado anteriormente), você pode ir além e começar a planejar seus resultados de médio e longo prazo. Planejar o seu orçamento é priorizar resultados. É conquistar uma visão gerencial e com foco no desempenho. É ter uma previsão de faturamento, igualmente em despesas e custos. A gestão orçamentária vem ajudando empresas a conquistarem sua previsibilidade financeira. Para que você seja uma delas, acesse esse conteúdo gratuito sobre Orçamento Empresarial na Prática logo abaixo.