Você diria que a área financeira da sua empresa é estratégica? Onde existe um planejamento financeiro, orçamentário e as decisões são baseadas em dados. Ou é mais operacional, onde o principal objetivo é pagar e receber as contas em dia, garantindo que o caixa no fim do mês não fique no vermelho. Bem, indiferente da resposta, podemos considerar esses dois cenários como uma gestão financeira empresarial.
A diferença, contudo, está na complexidade. Se o seu negócio ainda está no início, é normal que a gestão seja simples e direta, apenas o suficiente para suprir as necessidades financeiras. Conforme sua empresa cresce, o controle das finanças tende a se tornar mais completo e complexo.
Essa é uma evolução natural e que nenhum empreendedor ou gestor deve temer. E para garantir o progresso da sua gestão financeira empresarial produzimos este texto, onde iremos explorar os conceitos fundamentais, os controles essenciais e principais relatórios que compõe a uma área financeira estratégica.
Vamos lá!
- 1. Controle financeiro de caixa
- 2. Controle de contas a pagar e a receber
- 3. Planejamento financeiro
- 4. Contabilidade
- 5. Planejamento tributário
- 6. Investimentos
- Regime de caixa x Regime de competência
- Estruturação de um time de finanças
O que é gestão financeira?
Gestão financeira empresarial é todo controle, administração, acompanhamento e planejamento das finanças de um negócio. Possui como principal objetivo a maximização dos resultados, ou seja, dos lucros. Para isso, utiliza de processos, métodos, ferramentas e padronização para alcançar melhores resultados financeiros.
Mas perceba que não existe uma definição exata, muito menos quais processos ou ferramentas deverão ser utilizados. Isso porque cada empresa é única e processos existem aos montes. Dessa forma, é comum que a gestão financeira, mesmo entre empresas do mesmo tamanho e segmento, seja diferente.
E tudo graças a maleabilidade do mundo empresarial. Até mesmo entre áreas como marketing e vendas, os processos e ferramentas (como toda a dinâmica de funcionamento) mudam entre empresas. E justamente por conta dessa gama de possibilidades que a gestão financeira empresarial torna-se relevante.
Mas a gestão financeira é mesmo importante?
Ter controle é importante, sabemos. Mas ações estratégicas, como planejamento e projeções futuras, devem ganhar o mesmo peso. E segundo um levantamento de dados feito por nós da Treasy, 40,5% das empresas não fazem um planejamento orçamentário, mesmo sendo um braço importante para a gestão financeira empresarial.
Já outros 30,3% não conseguem tomar decisões com os relatórios utilizados. Esse é outro ponto fundamental da gestão. Sem dados precisos e relatórios que realmente fazem a diferença é impossível tornar estratégico seu financeiro. Por fim, boa parte não possui uma OMTM (One Metric That Matters), ou seja, uma meta principal.
A gestão financeira empresarial se torna importante no momento que une todas essas pontas soltas. Além de organizar processos, é responsável por:
- coletar dados;
- planejar as finanças;
- definir metas; e
- acompanhar os resultados.
Essa gestão, como dito no início do texto, é responsável por direcionar a empresa para melhores resultados.
Funções da gestão financeira de uma empresa
Não necessariamente em ordem, mas igualmente importantes, os passos a seguir compõe uma gestão financeira empresarial. Se você acredita que alguma função ou controle tenha ficado de fora, deixe sua sugestão nos comentários que acrescentaremos no texto. Ok? Dito isso, vamos aos passos!
1. Controle financeiro de caixa
Antes de mais nada, é importante começar pelo controle mais conhecido: o fluxo de caixa. É função do controle de caixa acompanhar todas as movimentações feitas na empresa. Dessa forma, o que saiu, para onde foi e quanto foi? E, da outra ponta, o que entrou, quando entrou e porque.
Acompanhar suas receitas, despesas e investimentos é necessário para potencializar seu potencial de análise e controle financeiro. Ao entender quais são seus maiores despesas, os produtos (ou serviços) que trazem o maior lucro, quanto custo demanda para rodar a empresa e quais investimentos foram necessário, torna-se mais fácil ter uma visão de como sua empresa funciona financeiramente.
E, a partir daí, tomar decisões que potencializar lucros ou reduzir despesas e custos.
- Material recomendado: Modelo de Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC)
2. Controle de contas a pagar e a receber
Como o próprio nome sugere, esse controle é nada mais que o acompanhamento dos compromissos financeiros da empresa (em relação a pagamentos e recebimentos) para que sejam feitos dentro do prazo e não comprometem o caixa da empresa. Para isso você pode utilizar uma planilha ou, se for o momento ideal, um software de controle financeiro.
Ter o controle de contas a pagar e receber controle facilitará na criação de um planejamento financeiro, que é o próximo tópico.
3. Planejamento financeiro
Uma área financeira estratégica requer planejamento para garantir a melhor utilização dos recursos. E, para construir esse planejamento, é preciso seguir alguns passos simples, como:
- Situação atual
A etapa de situação atual em um planejamento financeiro é onde você entende a posição da sua empresa, em relação às finanças, atualmente. Aqui, você pode analisar o seu histórico de faturamento, lucro, despesas e afins dos últimos meses no seu fluxo de caixa. Dessa forma, torna-se mais certeira a criação de um objetivo a ser alcançado.
- Objetivo
Agora que você já entendeu onde você está, é preciso responder para onde quer chegar. Sendo assim, defina um objetivo financeiro a ser conquistado em um período máximo de um ano. Lembre-se: o objetivo precisa ser alcançável, porém desafiador.
- Planejamento
Com as duas etapas finalizadas, você já pode começar a montar o seu planejamento financeiro. Dependendo do seu ponto, o que será preciso fazer para alcançar a linha de chegada (objetivo)? Aumentar vendas; reduzir custos; aumentar investimentos. Com as ações definidas, depois é só acompanhar o desempenho financeiro.
- Acompanhamento
Você estava faturamento bem nos primeiros meses do planejamento. Contudo, os custos cresceram muito acima do esperado. Portanto, ações para reduções de custos foram necessárias. Já as despesas se mantiveram constantes, o que não requereu nenhuma mudança.
Esse é o papel do acompanhamento: entender a performance financeira com o passar dos meses e tomar ações sempre que necessário, tendo em mente o objetivo a ser alcançado.
4. Contabilidade
Sua função é acompanhar o desempenho econômico (e não financeiro!) da empresa. A diferença entre a contabilidade e um acompanhamento de caixa é que a contabilidade possui uma visão de competência, onde considera os ativos, passivos e desenvolvimento de patrimônio da empresa.
Para isso, é importante utilizar das demonstrações contábeis para análise, com um balanço patrimonial e DRE.
5. Planejamento tributário
Você já deve saber que são muitos os impostos no Brasil, e é por isso que o planejamento tributário existe: para encontrar maneiras (lícitas, é claro) de reduzir os encargos tributários sobre as empresas. E isso é feito com estudos prévios e muito planejamento, e não é nada fácil. Mas, no fim, os ganhos para a gestão financeira compensam. Confira mais sobre o assunto no material logo abaixo.
- Material recomendado: [eBook] Planejamento Tributário: o guia completo para planejar e reduzir os custos tributários de sua empresa
6. Investimentos
Uma etapa importante (e que encontra-se dentro do planejamento financeiro) é a análise de investimentos. Essa etapa é importante porque é o momento em que a gestão financeira considera o retorno de cada investimento que será feito. Isso porque a incerteza de investir no incerto pode causar grandes danos.
Portanto, é função da gestão financeira avaliar se a compra de uma nova máquina, ferramentas ou equipamentos é financeiramente vantajoso.
- Material recomendado: 6 Regras para um Acompanhamento Financeiro Eficaz
Regime de caixa x Regime de competência
Agora que você já conheceu algumas das principais funções de uma gestão financeira empresarial, é importante que conheça também um conceito fundamental. Nos passos anteriores, você viu sobre fluxo de caixa, mas também sobre contabilidade e, mesmo sendo complementares, elas possuem uma diferença primordial: o tipo de regime.
Como você pode imaginar, o fluxo de caixa trabalha com o regime de caixa. Mas o que é esse regime?
Bom, o regime de caixa é todo registro de movimentações que considera os valores na data que de fato o pagamento (ou recebimento) aconteceu. Ou seja, o registro só é feito no momento que o dinheiro “sai ou entra” do caixa.
Já o regime de competência é diferente. Para esse regime, é considerada a data do evento, desconsiderando o caixa. Competência, portanto, considera as movimentações contábeis no mês que o evento foi gerado (um pagamento feito, uma venda, despesas...), não importando se o dinheiro de fato saiu ou não do caixa.
Pra ficar mais claro, imagine o seguinte exemplo: um cliente combinou com você que pagaria parcelado a contração de um serviço. Ficou acordado, portanto, que ele pagaria R$ 10.000,00 reais por 6 meses, mas ele atrasou os pagamentos e deixou para pagar tudo no último mês. Dessa forma, o regime de competência considera o seguinte controle:
Enquanto esse seria o regime de caixa:
A diferença, sendo assim, está no registro da movimentação. O caixa considera quando o dinheiro caiu na conta, já a competência considera a data de quando o evento foi gerado e o acordo que foi feito.
É necessário entender essa diferença porque os controles que você encontrará na gestão financeira empresarial trabalham tanto com competência quanto com caixa.
Estruturação de um time de finanças
Criar, do zero, um time financeiro, não é uma tarefa simples. É preciso, além das qualidades de um bom profissional de finanças, buscar a pessoa exata para o cargo específico. Além do mais, a estruturar uma área leva tempo, exige processos e demanda de uma visão estratégica do gestor.
Portanto, para a área de finanças é preciso ir além dos controles e buscar estruturar um time de alta performance, que complemente as habilidades do gestor e que tenha diversidade. Esse é um tema que gera muita dúvida e dificuldades, por isso que no Controller Cast #17 falamos de como estruturar o time financeiro do zero, com Roberto Bento.
Diagnosticando a Gestão Financeira de sua Empresa
Agora que você já conhece alguns dos principais conceitos de Gestão Financeira, que nota você daria para o Financeira da sua empresa? Não sabe? Então sugiro que você faça o nosso Auto-diagnóstico da Gestão Financeira de sua empresa. Esse diagnóstico é gratuito, não leva nem 8 minutos para ser concluído e você sai dele com uma nota do nível de maturidade do Financeiro de sua empresa, além de contar com dicas personalizadas para cada oportunidade de melhoria mapeado no diagnóstico. Você pode fazer o diagnóstico de sua empresa aqui.
Conclusão
A gestão financeira não é uma matéria nova, sabemos. Existe há muito tempo e passou por diversas mudanças. E essas mudanças que permitem que a área se modifique e renove com o tempo. Portanto, não tenha medo de modificar a estrutura ou controles da área conforme a necessidade da sua empresa.