Controller Cast #39 – ESG: o que é e como essa prática pode impactar sua empresa e a sua comunidade

Publicado dia 7 de junho de 2022

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8 min

Capa do Controller Cast #39, o que é ESG?

Você já deve ter lido por aí, mas sabe o que é ESG? A sigla tem se tornado cada vez mais presente nas notícias e artigos sobre gestão e investimentos. O acrônimo para Environmental(ambiental), Social(Social) and Governance(Governança) virou sinônimo de práticas sustentáveis nas organizações.

A crise climática e eventos como a Pandemia popularizaram a discussão e tornaram a pauta ainda mais importante, iniciando um movimento, ainda tímido, de grandes empresas adotando o ESG como critério na hora de escolher investimentos e parcerias em sua cadeia de valor.

No episódio #39 do Controller Cast conversamos com Vania Borgerth, que está ajudando a desenhar as novas normas em relação a esse tema em conjunto com a ONU (Organização das Nações Unidas) como voluntária, e também é membro do Comitê de Auditoria do Banco Santander. Conversamos sobre os desafios e oportunidades para as empresas na adoção dessas práticas, e quais os impactos e o papel da contabilidade neste movimento.

Você pode ouvir o episódio na íntegra abaixo:

Também deixamos um resumo dos principais pontos da conversa com a Vania abaixo:

O que é ESG?

Para entender o que significa ESG, precisamos entender cada letra do acrônimo em inglês: Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança), onda cada uma se refere a um conjunto de boas práticas relacionadas à sustentabilidade aplicadas às organizações.

Vamos detalhar um pouco mais cada letra da sigla ESG:

  • Environmental (Ambiental). Que tipo de impacto sua empresa causa no meio ambiente? Isso pode incluir a pegada de carbono da organização; o tratamento de produtos químicos envolvidos em seus processos de produção; e também os esforços de sustentabilidade que a organização tem desenvolvido em prol do ambiente.
  • Social (Social). Como sua empresa se relaciona com colaboradores e a comunidade em geral? Aqui entram questões relacionadas às leis trabalhistas; direitos humanos; diversidade racial; programas de inclusão; e outras práticas internas, como também a relação e investimento da empresa em questões sociais.
  • Governance (Governança).  Como sua empresa se relaciona com acionistas e realiza a governança dos itens anteriores? Aqui entram desde questões de composição de conselho; remuneração dos sócios; e também a gestão e reporte das práticas de ESG.

Quem é Vania Borgerth e qual sua relação com ESG?

Foto de Vania Borgerth, especialista em ESG

Vania Borgerth é uma contadora apaixonada pela profissão, conforme ela mesma abre sua apresentação. Especializou-se na área de Custos, lecionou na academia e trabalhou por muitos anos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Foi no BNDES que Vania galgou vários desafios na carreira, chegou a contadora chefe, superintendente de controladoria e foi encarregada de implementar a IFRS(International Financial Reporting Standards) no banco. Na mesma época, passou a integrar o ISAR (International Standards of Accounting and Reporting), um grupo de trabalho criado pela ONU que tem como objetivo promover transparência de mercado via relatórios.

A participação neste processo envolveu Vania não só com a IFRS, mas com uma série de reportes internacionais padronizados, chegando ao Relato Integrado e ao ESG. Sobre o objetivo dos relatórios, Vania complementa:

“Acreditamos que o dever de reportar é saudável em primeiro lugar para a própria empresa que reporta, pois para reportar para fora ela precisa desenvolver controles internos, e desenvolvendo esses controles ela entende seus riscos e oportunidades, e toda a gestão ganha.”

Quando o mercado começou a falar em ESG e por que o termo tem se popularizado nos últimos anos?

Segundo Vania, houve uma conjugação de vários fatores que tornaram possível a popularização e adoção de ESG pelas empresas:

  • O amadurecimento da pauta: com a crise climática e os escândalos ambientais se tornando comum (inclusive com casos de empresas brasileiras), a pauta que há 10 anos era muito extensa e sem prioridade, passou a ser vista com outros olhos pelos consumidores, acionistas e empresas;
  • A persistência de Entidades como a ONU, que mesmo recebendo muitas portas fechadas se mantiveram firme trazendo a pauta para a conversa;
  • Oportunidade de investimento: o mundo tem se tornado mais consciente sobre a importância da sustentabilidade, e com os consumidores atentos a essas questões, surgem novas oportunidades para toda a cadeia de valor. A própria ONU publicou 17 objetivos do desenvolvimento sustentável com um catálogo de oportunidades de investimento com perspectiva de rentabilidade futura, isso torna ESG tangível para as empresas.

Quais barreiras ainda temos para tornar o investimento em ESG uma prática comum?

Embora os investimentos em ESG tenham ganhado os holofotes por conta dos motivos explicados anteriormente, ESG está longe de ser prática comum e ainda precisa amadurecer como proposta para tornar-se popular nas discussões estratégicas, Vania cita 3 barreiras comuns na adoção de ESG:

  • Cultura: as empresas precisam entender que reportar sustentabilidade não é um exercício de due diligence, mas sim um instrumento de comunicação entre a empresa e o mercado onde a transparência cria uma relação de confianças entre os stakeholder;
  • Educação: o profissional de contabilidade precisa se atualizar e entender isso como educação continuada, o profissional que não se atualiza e se torna mais estratégico, infelizmente acaba ficando de lado, e é muito importante para a popularização da ESG, a adoção dele profissionais contábeis;
  • Tecnologia: é fundamental se apoiar na tecnologia para garantir a qualidade e integridade dos dados gerados pela empresa. A informação de sustentabilidade é de natureza qualitativa, de julgamento em cima de dados, então quanto melhor for o rastreamento dos dados em minha empresa, mais fidedigno será meu relatório e minha gestão.

O que uma empresa precisa para estar alinhada com os critérios de ESG?

Até esse momento, Vania explica que  um relatório de sustentabilidade era apresentado no modelo Relate ou Explique, ou seja, a empresa pode apresentar o seu relatório e se não apresentar pode relatar o que fez e o que não fez. Esse modelo foi ótimo no início para popularizar e disseminar a cultura de ESG, mas tem problemas quando precisamos de continuidade e uniformidade nos trabalhos. 

O próximo passo para tornar mais claro o alinhamento de uma empresa com a ESG, é ter uma norma global e um modelo de relatório padronizado. Isso vai trazer diretrizes claras para as empresas, contadores e profissionais financeiros agirem perante a ESG, além de trazer confiança para o processo, garantindo que as iniciativas das empresas estão sendo avaliadas pela mesma régua.

ESG é uma prática restrita a grandes empresas? Como uma pequena e média empresa pode se beneficiar dessas práticas?

Embora o movimento em torno do ESG tenha mais incentivo em grandes empresas, até por conta de seu impacto na cadeia de valor, ESG está longe de ser restrito a grandes corporações, pelo contrário. 

Para grandes corporações, relatar investimentos em ESG é complexo por conta do modelo de negócio ser complexo, em pequenas e médias isso é mais simples justamente por conta da simplicidade inerente à sua maturidade e seu modelo de negócio. 

Mas enquanto na grande empresa é mais fácil evidenciar o valor investido em ESG e mais complexo monitorar e relatar as iniciativas, em empresas menores temos o desafio inverso, embora seja mais fácil monitorar e relatar, é mais difícil conscientizar o empreendedor do valor prático de iniciativas ESG.

Vania também alerta para a tendência do pequeno precisar olhar para isso pela necessidade de se adequar para trabalhar na cadeia de valor de grandes corporações, tornando o tema uma questão de sobrevivência nos próximos anos.

Gostou da conversa? Ela continua no Controller Cast e você pode ouvir aqui ou pelo Spotify.

Se você ainda não conhece, o Controller Cast é um podcast onde discutimos temas de Finanças e Controladoria ou de interesse dessas áreas, trazendo ideias e exemplos práticos. Tudo por meio de entrevistas com profissionais que estão fazendo a diferença no mercado.

Agora você também pode nos ouvir no Spotify, Deezer e iTunes Podcast!

Ouça também os episódios anteriores:

#34 Controller Cast com Monique Olegario sobre Os erros mais comuns ao planejar o orçamento de sua empresa

#35 Controller Cast com Jordão Novaes e Cauê Batista sobre O boom das fintechs: aspectos jurídicos e trbutários

#36 Controller Cast com Felipe Castro sobre Como engajar os colaboradores no Orçamento Empresarial

#37 Controller Cast com Luis Fernando Cibella sobre A tecnologia como aliada para agilizar a Gestão Tributária

#38 Controller Cast com Theani Marcelino sobre Profissionalização de Empresas Familiares

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