Elas são responsáveis por nada menos que 65% do PIB e empregam 75% dos brasileiros, nada mal, né? Por isso abordar a Profissionalização de Empresas Familiares é pra lá de importante no Brasil.
As empresas com Gestão Familiar estão por toda a parte.
Se por um lado essas empresas criam uma cultura forte e uma execução primorosa, do outro elas também enfrentam (além dos desafios comuns de todo negócio) a relação dos laços familiares, a profissionalização, a sucessão do negócio e outros desafios bem particulares.
Hoje no episódio #38 do Controller Cast a consultora Theani Marcelino compartilha sua experiência em apoiar a profissionalização de negócios familiares, abordando o papel da Controladoria e do Orçamento Empresarial como um grande facilitador do processo.
Se você ainda não conhece, o Controller Cast é um podcast onde discutimos temas de Finanças e Controladoria ou de interesse dessas áreas, trazendo ideias e exemplos práticos. Tudo por meio de entrevistas com profissionais que estão fazendo a diferença no mercado.
Agora você também pode nos ouvir no Spotify, Deezer e iTunes Podcast!
Ouça também os episódios anteriores:
#33 Controller Cast com Thiago Campaz sobre O comportamento das despesas corporativas no pós-pandemia
#34 Controller Cast com Monique Olegario sobre Os erros mais comuns ao planejar o orçamento de sua empresa
#35 Controller Cast com Jordão Novaes e Cauê Batista sobre O boom das fintechs: aspectos jurídicos e trbutários
#36 Controller Cast com Felipe Castro sobre Como engajar os colaboradores no Orçamento Empresarial
#37 Controller Cast com Luis Fernando Cibella sobre A tecnologia como aliada para agilizar a Gestão Tributária
Sobre Theani Marcelino
Theani Marcelino atua com Administração Financeira há mais de 22 anos, é contadora de formação mas especializou sua atuação na Administração Financeira.
Grande parte de sua carreira tem sido dedicada a empresas familiares, onde já trabalhou na criação e aperfeiçoamento de processos financeiros, implantação de sistemas de controle financeiro entre diversas outras atividades de profissionalização da gestão, e foi essa vivência que despertou a paixão pela Controladoria Financeira, área onde atua hoje.
Confira um resumo dos tópicos que conversamos com a Theani e ouça no podcast a conversa na íntegra:
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Theani, nas empresas familiares que você atuou, o que você enxerga como pontos fortes e fracos do modelo?
Compromisso com o negócio : A maioria das empresas familiares são criadas com o objetivo de subsistência da família e por isso há um grande comprometimento dos fundadores e paixão pelo negócio, é o trabalho de uma vida inteira,não é toa que a história destas empresas nos inspiram tanto, ainda mais em um país que tem um histórico de tanta dificuldade em empreender, com certeza um dos pontos mais fortes das empresas familiares é a superação, os sacrifícios que foram feitos para que elas se tornassem realidade.
Confiança : Se a empresa cresce e se desenvolve a vida da família melhora
Construção de um Nome : Gera credibilidade e senso de pertencimento, não só pelos membros da família, mas toda a comunidade onde essa empresa se desenvolve, é normal dizer que a empresa toda vira uma “ grande família “. Onde existe essa união, existe também superação.
Legado : O desejo de honrar os fundadores
Alguns pontos fracos são:
Relações empresariais e familiares são confundidas : Dificuldade de separar as relações pode fazer com que decisões sejam tomadas, mais pelo vínculo emocional do que de forma corporativa. Ou até gerar conflitos entre a família fora do ambiente empresarial.
Pessoas da família inseridas na gestão sem habilidades para funções gerenciais: As pessoas assumem posições na empresa pela “confiança“ e não pelas habilidades profissionais.
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Quais os principais desafios de uma empresa familiar?
Esses são muitos, como toda gestão já tem seus desafios diários, acrescente a estes: A confusão patrimonial e a sucessão empresarial são desafios que afetam, inclusive, dois princípios contábeis: entidade e continuidade.
Existe o desafio da inovação do mercado, as empresas são criadas para suprirem dores do mercado, muitas vezes o mercado muda e a empresa não.
A gestão de conflitos de interesses entre os membros da família que são donos também é um desafio.
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Especificamente nas finanças e na gestão de resultados, o que você mais enxerga de desafio neste modelo?
A resistência a mudanças, sejam tecnológicas ou de gestão mesmo.
Quando se inicia um processo de controle de gestão é comum os membros da gestão se sentirem ameaçados, confundindo o acompanhamento dos processos com falta de confiança.
Como em sua maioria, não há transição dos gestores, é comum ocorrer um certo comodismo em relação a melhoria dos processos, o famoso sempre foi feito assim, acaba impedindo a empresa de se desenvolver e melhorar.
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Quando uma empresa familiar enxerga a necessidade de profissionalização?
Não é uma unanimidade, mas é comum só perceber essa necessidade quando por muitos motivos diferentes a empresa está gerando resultados negativos por um período, quando o dinheiro começa a faltar no caixa, é mais fácil captar do que descobrir o tamanho do furo do balde, e sem uma gestão financeira bem estruturada pode demorar um pouco para encontrar e tapar o furo. Quando chega neste ponto é comum o endividamento já estar em um grau muito elevado.
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Como a profissionalização da gestão da empresa familiar pode acontecer?
Primeiro é preciso reconhecer que há necessidade de ajuda de profissionais habilitados na área, quando a empresa percebe que não tem na diretoria pessoas aptas para isso, é comum procurar um administrador do mercado para fazê-lo.
Em casos extremos é necessário remover o poder dos diretores, porque eles têm uma tendência de fazer o que sempre fizeram, por isso muitas vezes apenas uma consultoria não resolve.
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Como o Orçamento Empresarial pode ser um aliado das empresas familiares?
O Orçamento empresarial ajuda a traçar metas baseada na realidade do negócio e com o acompanhamento consegue-se identificar os pontos de melhoria.
Muitas empresas também não fazem o planejamento estratégico, não pensam nos riscos e premissas do negócio, e essa é a base do orçamento empresarial. É comum alguns clientes nossos ficarem muito espantados quando começamos a levantar esses assuntos e os ganhos já começam por aí. Além disso, o orçamento empresarial obriga a empresa a fazer adequações nos processos e nos sistemas de informação gerencial, que muitas vezes são negligenciados com as rotinas diárias. A própria apuração do resultado econômico é algo que não é praticado por grande maioria das pequenas empresas, e esta é uma premissa para a gestão orçamentária.
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O acompanhamento orçamentário entre gestores da mesma família costuma ser estressante? Quais dicas você pode dar para tornar esse processo mais produtivo?
Sim muito estressante, pois como falamos anteriormente, o controle orçamentário pode ser visto pelos gestores da família como uma cobrança ou falta de confiança.
1 – Respeitar a história da empresa e de quem a fundou;
2 – Enfatizar o objetivo do acompanhamento orçamentário, que é o atingimento da meta principal da empresa. Se a empresa atingir os resultados, todos ganham;
3 – Separar os interesses empresariais dos interesses pessoais.
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Qual o papel do controller neste movimento? Como a controladoria pode ajudar na profissionalização das empresas familiares?
Sinceramente Daniel, não consigo imaginar essa profissionalização sem a pessoa do Controller. Este profissional atua com dados e fatos e sendo um componente neutro no meio da gestão familiar, consegue minimizar o envolvimento emocional dos gestores. Costumo dizer que para essas empresas familiares o Controller precisa ser também um pouco psicólogo, saber gerenciar os possíveis conflitos.
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Para as empresas que querem dar o primeiro passo para a profissionalização, quais seriam suas dicas?
Primeiro, em concordância com a gestão, procurar um profissional de controladoria para realizar um diagnóstico do negócio
- Realizar as adequações de processos e dados do negócio;
- Contar com o apoio de ferramentas de tecnologia para ajudá-los nestes desafios, pois isso a otimização do processo ajuda a ganhar velocidade nos ganhos.
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