Como prever uma crise financeira? De acordo com Sun Tzu, na obra “Arte da Guerra”, “antes de te engajares num combate definitivo, é preciso que o tenhas previsto, e te preparado com muita antecipação. Nunca contes com o acaso”. A citação do famoso general escrita em um dos seus livros mais emblemáticos, serve para ilustrar de forma direta o nível de preparação que as empresas precisam ter para fazer seu negócio dar certo.
Os números têm atestado que vivemos em um país já conhecido por seu empreendedorismo. Segundo pesquisa do “Empresômetro”, as micro e pequenas empresas (MPEs) correspondem a 93% do total de empresas ativas. O estudo nos mostra o que presumimos: temos uma contribuição efetiva das MPEs no desenvolvimento da prática empreendedora e da economia no Brasil.
Porém, segundo estatísticas do IBGE e na contramão do crescimento empreendedor, 80% das micro e pequenas empresas simplesmente desaparecem antes de completarem um ano. Ainda segundo o Instituto, em torno de 60% das empresas fecham com menos de 5 anos. Período no qual deveriam estar ganhando sustentabilidade e escalabilidade.
Simulação de cenários na crise financeira
Dentre as diversas organizações e empresas existentes no Brasil e no mundo, ainda são poucas aquelas que se preparam para o futuro de forma sistematizada. De fato, quando os resultados estão muito bons ou extremamente favoráveis, por vezes, pode “passar batido” aquela necessidade de se preparar para possível crise financeira.
Entretanto, para o sucesso de qualquer negócio, a projeção e simulação de cenários é algo intrínseco e que deve ser levada a sério. Em um contexto de crise de saúde, como a pandemia que passamos por exemplo, ter como escopo a simulação das mais diferentes variáveis faz toda a diferença no sucesso ou no fracasso de uma empresa.
Mas antes de tudo, é preciso entender o conceito básico de projeção e simulação de cenários. Vamos lá?
A projeção de cenários é um conceito militar altamente difundido e que serve, atualmente, como ferramenta de gestão. De acordo com ela, é possível estabelecer estratégias considerando sempre um contexto futuro, podendo-se prever fatores para impulsionar o negócio ou até mesmo se precaver em situações de possíveis crises econômicas.
Uma das principais funções da projeção de cenários é analisar o contexto, tanto interno quanto externo, onde a empresa está posicionada permitindo que a mesma tenha uma visão clara de fatores futuros que possam ocorrer. Sejam eles positivos ou negativos.
Com essa definição clara e visão precisa dos seus números, o gestor pode se preparar, caso ocorra um cenário negativo, incluindo ações em seu escopo de planejamento e não impactando de forma tão “brutal” todo o ecossistema financeiro da empresa.
Conheça os principais tipos de cenários
Em tempos de crise, como a que estamos vivendo em decorrência do Coronavírus, por exemplo, ter diversas simulações de cenário já prontas permite que a sua empresa possa identificar fatores (positivos ou negativos) e projetar ações reais a médio e longo prazo.
Dentre as diversos tipos de cenários, vale destacar alguns que são muito importantes para enxergar o panorama da empresa. São eles:
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Cenário Econômico:
Serve para analisar as alterações variáveis que impactam nos resultados econômicos da empresa, tais como inflação, nível de emprego, taxa de câmbio, exportações e atividades econômicas, que podem afetar nas vendas, contratações e custos de pequenas e médias empresas a nível externo.
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Cenário Financeiro:
Semelhante ao Econômico, ele simula alterações nas variáveis que afetam as disponibilidades financeiras internas da empresa (Fluxo de Caixa, EBITIDA e margem de contribuição, por exemplo).
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Cenário Operacional:
Considera as mais diferentes alternativas de uso da capacidade produtiva da companhia através de projeções e simulações, como por exemplo: a visão por tarefas rotineiras, o foco no curto prazo e a definição de objetivos e resultados bem específicos. Além disso, os planos são geralmente elaborados por períodos de 3 a 6 meses, com as definições de métodos, processos e sistemas para que a organização possa alcançar objetivos globais.
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Cenário Estratégico:
Realiza simulações comparando todos os possíveis caminhos que a organização pode tomar e analisando o resultado em cada um deles. Um exemplo de um cenário estratégico é a liberação de fluxo de caixa para a expansão da empresa. Neste caso, seria necessário avaliar estrategicamente o quanto seria gasto na contratação de novos profissionais, na compra de novo insumos, de materiais para realização dos trabalhos entre outros.
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Cenário Orçamentários:
Foca no uso de recursos financeiros da empresa Podemos trabalhar com três bases de análise. A primeira delas é o Cenário Base Zero, onde é realizada uma cópia de toda a estrutura do orçamento porém, zerando todos os valores na nova simulação. É comum o uso deste tipo de simulação, repensando criticamente a importância de cada receita, custo e despesa na empresa;
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Cenário Cópia:
O Cenário Cópia ou Incremental é onde se realiza a cópia de toda a estrutura do orçamento, bem como os valores da simulação base da cópia. Geralmente, utilizamos esta opção para uma Revisão Orçamentária ou um Cenário Comparativo (exemplo Visão Otimista x Visão Pessimista);
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Cenário Ajustado:
O Cenário Ajustado, também conhecido como Rolling Forecast, trata-se da cópia de toda a estrutura do orçamento e os valores realizados da simulação base, sendo carregados e sobrepondo os valores planejados da nova simulação. Esse tipo de simulação trata-se de um exercício de análise e revisão baseado no cenário atual da empresa. É muito útil para realizar uma visão impactada do orçamento. Adequar-se e aprender a identificar as mudanças do orçamento é a principal função do Forecast.
Conexão e colaboração entre cenários
Embora as divisões de cenários possam ser infinitas, as listadas acima podem dar um bom norte dentro da empresa. Falando de planejamento estratégico, os cenários orçamentários, por exemplo, têm um papel fundamental e conecta todos os outros cenários, fazendo com que cada um deles trabalhe de forma independente e, ao mesmo tempo, ligados entre si.
Um exemplo dessa “parceria” entre cenários seria um trabalho conjunto entre o Cenário Estratégico e o Orçamentário. No estratégico, seriam elaborados meios para execução de algo dentro da empresa. Já no orçamentário, seria avaliado os recursos para que esta execução possa ou não sair do papel.
Por isso, lembre-se de que, ao projetar cenários orçamentários, também é preciso analisar se esses cenários estão alinhados aos planos estratégicos e vice-versa. Ao montar seus cenários estratégicos, vai ser necessário uma análise dos cenários orçamentários, verificando se eles ainda continuam válidos ou se há necessidade de reajustes.
Como criar alternativas de simulação de cenários na crise?
Mas afinal, como fazer uma simulação orçamentária em tempos de crise? Quais fatores devemos levar em conta? Se sua empresa não se preparou para uma baixa na economia anteriormente, não se preocupe! Existe a possibilidade de traçar uma simulação orçamentária de “emergência” e é exatamente isso que vamos te auxiliar a fazer.
Além de ter disponibilizado para você toda a planilha de simulação de cenários da Treasy, é preciso também levar em conta alguns fatores para ajudar a sair de um momento de dificuldade sem sofrer grandes danos, evitando ao máximo a perda do fluxo de caixa e o corte de pessoal.
Para tanto, é necessário considerar alguns fatores. Veja aqui 7 fatores que levantamos para entender e sair de forma rápida da crise:
- O que acontece se o preço da matéria-prima não baixar e o estoque esvaziar? Compraremos ao preço de mercado ou paramos a produção?
- Se o preço chegar ao “gatilho” de compra, quanto compramos? Aproveitamos para fazer estoque? Qual o custo de manter esse estoque?
- Caso o dólar aumente ou abaixe, o que faremos? Em período de pandemias sabemos que a moeda do nosso país tende a desvalorizar. Neste caso, como proceder?
- Com relação à taxa de juros, qual é a posição da empresa? A expansão continuará? Se sim, quais são as melhores linhas de crédito para viabilizar um possível aumento?
- Diante de uma crise como a que estamos vivendo, como fica a questão de pessoal? Dá para transferir a equipe para home office sem prejudicar a produtividade ou será necessário, mesmo que temporariamente, fazer algum corte de pessoal?
- Se for necessário, quais serão as áreas diminuídas? De que modo esta ação poderá amenizar os efeitos negativos da crise?
- É possível antecipar férias? Se sim, quais os setores receberão o benefício e como será o gerenciamento do quadro na ausência desses funcionários?
São inúmeras as premissas orçamentárias (variáveis) que podem ser alteradas causando impacto nos resultados planejados. Essas premissas variam de acordo com o porte ou setor de cada empresa, mas o fato é que a análise e simulação de cenários é uma necessidade a qualquer empresa, independente do tamanho ou setor de atuação.
Como construir cenários para a sua empresa
A ação de simular cenários consiste em partir de um planejamento base já existente e criar diversos modelos derivados deste, onde são alteradas variáveis-chave para o modelo de negócios da empresa. A partir disso, são avaliados os impactos no resultado econômico-financeiro.
Estas variáveis podem ser internas (podem ser controladas) ou externas à empresa (não podem ser controladas, mas devem ser previstas), e são bastante conhecidas também como premissas orçamentárias.
O importante é que os gestores tenham o hábito construir cenários futuros e avaliar os ganhos e perdas de cada ação, antes de tomar sua decisão.
Premissas Orçamentárias
As premissas orçamentárias (variáveis) vão variar de acordo com a vertente de atuação de cada empresa. Entretanto, é de extrema importância que o gestor, como administrador, conheça quais são as que realmente importam para o seu negócio, e utilize isto para simular cenários e se preparar para os mais prováveis, criando planos de ação para aproveitar oportunidades e minimizar riscos.
As premissas orçamentárias são como balizadores que vão dar um norte a ser seguido e também vão definir limites mínimos e máximos do que os gestores podem trabalhar dentro do Planejamento Orçamentário em busca de melhorias dos resultados do seu departamento.
PARA TE AJUDAR, criamos um Modelo para Análise e Simulações de Cenários Financeiros em planilha onde você pode criar cenários econômico-financeiro para seu negócio. No modelo está descrito todas as funcionalidades da planilha e como estruturá-la.
Concluindo
Simular cenários é uma estratégia importante para qualquer empresa que deseja antecipar problemas e identificar com antecedência as oportunidades. Além do mais, é uma boa maneira de reforçar a tomada de decisão com informações coerentes e ações planejadas.
Na Treasy, entendemos que não só as simulações de cenário, mas como também a Controladoria, são importantes para todas as empresas independente do tamanho. Por isso desenvolvemos um serviço que ajuda empresas a planejar seu orçamento e a adquirir maior previsibilidade financeira.
Para mais informações como essas, basta acessar o blog da Treasy e ver todos os nossos conteúdos sobre gestão e planejamento orçamentário. Até o próximo post!