Quando uma empresa pensa em expansão, uma das coisas que precisa ser analisada é se os Investimentos Operacionais contribuirão para o lucro, seja aumentando as Receitas ou reduzindo Custos e Despesas. Essa expansão pode ocorrer de diversas maneiras, como por exemplo, por meio de Fusões e Aquisições, Holdings e Joint Venture.
Cada estratégia tem seus prós e contras e afeta de maneira diferente na competitividade do negócio. Um dos primeiros passos para escolher a estratégia é entender o problema que a empresa precisa solucionar (pode ser necessidade de crescimento, redução de custos etc) para, em seguida, determinar o retorno que espera obter.
É nessa hora que entra a figura do profissional de controladoria, pois ele está munido de toda a capacidade para avaliar as diferentes opções que a organização possui para expandir (e para alavancar). Aqui no blog já falamos de algumas das alternativas e hoje queremos apresentar mais uma: a Joint Venture empresarial.
O que é Joint Venture?
Joint Venture é uma associação econômica (um acordo comercial) entre duas ou mais empresas, de ramos iguais ou diferentes, que decidem reunir seus recursos para realizar uma tarefa específica, durante um período determinado e, portanto, limitado.
Uma estratégia de Joint Venture empresarial pode estar relacionada a um novo projeto ou outra atividade comercial, por exemplo. Assim, operações de Joint Venture são executadas para diversos fins, como: logísticos, industriais, tecnológicos, comerciais, entre outros. Na maioria dos casos a estratégia é adotada para acelerar a expansão dos negócios, pois ao unirem seus recursos as empresas têm acesso a habilidades escassas podendo, inclusive, penetrarem em novos mercados.
Importante ressaltar que operações de Joint Venture não trazem apenas o compartilhamento de benefícios e lucratividade. Para entender melhor, basta analisarmos separadamente o que é Joint e o que é Venture: as duas palavras são de origem inglesa, sendo que Joint significa junto e Venture, risco. Portanto, nessa associação temporária são compartilhados também riscos, prejuízos e custos.
Um exemplo de Joint Venture no Brasil foi a união da BRF com uma empresa da Cingapura, a Singapore Food Industries. A estratégia adotada pela brasileira teve como objetivo a expansão de mercado. No caso dessa parceria, o alvo da BRF era a Ásia.
Por que pensar em Joint Venture empresarial?
Como você deve ter percebido, a lógica por trás da formação de uma Joint Venture é uma só: empresas envolvidas avaliam que a probabilidade de sucesso é maior ou mais rentável trabalhando em conjunto.
Para entender melhor, imagine uma empresa com pouca liquidez, mas com propriedade intelectual especializada, e outra com muito dinheiro, mas sem a capacidade técnica necessária. Em uma estratégia de Joint Venture as duas organizações podem se complementar para melhorar suas tecnologias.
Nesse caso, a empresa com maior liquidez pode financiar um projeto para expandir a tecnologia da outra e, em troca, obter uma licença para comercializar a tecnologia sob sua marca. Outros exemplos de Joint Ventures podem incluir acordos para a compra conjunta de estoques de fornecedores com o objetivo de alcançar uma maior escala e custos mais baixos. As envolvidas podem concordar em unir produtos complementares, oferecendo uma oferta mais abrangente aos clientes.
Em uma estratégia de Joint Venture as empresas podem unir-se de duas maneiras:
- Sem a formação de uma nova empresa (Joint Venture Contratual)
- Com a criação de uma nova empresa com personalidade jurídica (Joint Venture Societária)
O que é Joint Venture Contratual?
Uma Joint Venture contratual é um acordo no qual duas partes se reúnem para um determinado projeto de negócios e, como o nome sugere, assinam um contrato descrevendo os termos. Nesta modalidade, ao invés de criar uma entidade jurídica separada para o projeto, as partes envolvidas trabalham em parceria, compartilhando os lucros ou perdas do empreendimento nos termos estabelecidos no próprio contrato de Joint Venture.
Joint Ventures contratuais representam uma associação de interesses que visam cumprir objetivos específicos e com a proporcional divisão dos riscos (bônus e ônus são compartilhados). Como não há a criação de uma terceira empresa, esta modalidade não envolve a necessidade de mudanças estruturais para as envolvidas.
O que é Joint Venture Societária?
A principal característica de uma Joint Venture Societária é a realização de projeto ou empreendimento comum, com a criação de uma empresa que assume uma nova identidade jurídica. Além disso, Joint Ventures Societárias assemelham-se a uma parceria comercial, mas possuem uma diferença fundamental: enquanto parcerias geralmente envolvem relacionamento comercial contínuo e de longo prazo, Joint Ventures são baseadas em uma única transação comercial.
Falando em parcerias comerciais, a pergunta que não quer calar é: quais as diferenças entre Joint Ventures e Fusões?
Joint Ventures x Mergers (Fusões)
Se você é leitor do nosso blog deve ter lido o artigo Fusões e Aquisições de empresas: como ocorre o processo de Mergers and Acquisitions (M&A)?. Falando primeiro de conceitos, temos que:
- Uma fusão acontece quando duas empresas, geralmente de mesmo porte, decidem continuar negócios como uma única empresa em vez de serem operadas como entidades separadas. Observe que para uma fusão acontecer ambas as empresas devem entregar suas ações para que uma nova entidade organizacional possa ser formada e, assim, novas ações podem ser emitidas.
- Uma Joint Venture é formada por meio de uma parceria legal entre as empresas. Em uma Joint Venture as duas organizações existirão separadamente por conta própria, sendo que uma nova entidade pode ser formada para o novo empreendimento. Para entender melhor: quando a Microsoft e a NBC formaram uma Joint Venture, criaram o MSNBC. No entanto, as duas empresas mantiveram suas empresas-mãe e criaram uma nova entidade para a divisão de negócios em que a Joint Venture foi formada.
Destacamos que tanto uma Joint Venture empresarial quanto uma Fusão ocorrem porque operações combinadas podem beneficiar ambas as empresas com economias de escala, maior participação de mercado, melhor tecnologia e mais compartilhamento de conhecimento. No entanto, elas possuem algumas diferenças:
- Fusões ocorrem quando duas empresas decidem continuar negócios como uma única empresa, em vez de operarem como entidades separadas. Em operações de Joint Ventures as empresas envolvidas continuarão a existir separadamente por conta própria.
- Joint Ventures exigem menos compromisso do que Fusões.
- Em Mergers, tomadas de decisões são baseadas em compreensão mútua. Em Joint Ventures, decisões mútuas são tomadas para um objetivo específico.
- Estratégias de Joint Venture envolvem menor nível de compromisso das partes envolvidas se compararmos com uma Fusão. Por isso, uma Joint Venture pode ser uma boa maneira de analisar o terreno e ver o quão bem duas empresas trabalham juntas.
- Joint Ventures são arranjos temporários. Por outro lado, Mergers envolvem compromisso praticamente permanente.
- Joint Ventures concentram-se em uma área específica onde duas empresas se sobrepõem e podem trabalhar juntas. Todavia, a maior parte dos negócios permanece separada. Em uma Fusão, as empresas desejam se tornar totalmente integradas.
Não existe receita de bolo para identificar qual é a melhor opção para sua empresa. O que recomendamos, claro, é que seja elaborado um plano de negócios com definição de métricas, estratégias, metas e objetivos a serem atingidos.
É essencial que as unidades de negócios envolvidas no processo de Joint Venture ou de fusão analisem o planejamento orçamentário. Assim, será possível que todos os envolvidos façam os ajustes necessários e possam verificar se o negócio a ser realizado será bom para todas as partes.
Por isso, o ideal é que como Controller você avalie a Gestão Orçamentária de sua empresa. Para ajudá-lo nesse processo, desenvolvemos um e-book sobre metodologia e parâmetros que aplicamos para descobrir o nível de maturidade da Gestão Orçamentária. Para baixá-lo, clique na imagem:
Entendido isso, vamos esclarecer os principais pontos positivos e negativos de uma Joint Venture.
Associação Econômica entre empresas: Vantagens e Desvantagens
Se você leu os outros tópicos deste artigo, já deve ter compreendido os principais prós de uma Joint Venture. Mas para facilitar, veja abaixo:
- Empresas passam a ter a oportunidade de obter novos conhecimentos e experiências.
- Acesso a novos recursos (lembra do exemplo da empresa que tinha pouca liquidez, mas muita propriedade intelectual?).
- Trata-se de um arranjo temporário entre sua empresa e outra.
- Riscos e custos são compartilhados. Isso significa que se caso o projeto falhe, nenhuma empresa estará sozinha, ou seja, despesas são compartilhadas e as perdas, apoiadas.
- Aumento da possibilidade de criar mais negócios no processo.
- Redução dos custos, o qual possibilita que as empresas envolvidas aumentem a competitividade.
- Expansão das empresas para novos mercados (aproveite e salve a leitura do artigo A importância do Plano de Expansão Empresarial: das vantagens ao Plano de Investimento. Como expandir seu negócio sem tropeços).
- Já que os custos de produção passam a ser distribuídos entre os envolvidos, o investimento nessa operação tende a baixar. Com isso, além de reduzir despesas a empresa pode aumentar a oferta do produto a um preço menor para o consumidor final.
Como sempre falamos em nossos artigos, toda vantagem tem sua desvantagem. Desse modo, os principais pontos negativos de uma estratégia de Joint Venture são:
- Diferentes empresas trabalhando juntas pode significar desequilíbrio de expertise, ativos e investimentos.
- Por se tratar de empresas diferentes, existe a possibilidade de que um choque de cultura e de tipo de gestão resultem em baixa cooperação e integração.
- Os objetivos da Joint Venture podem não ser 100% claros e comunicados a todos os envolvidos.
- Realizar parceria com outra empresa pode ser um assunto complexo. Para que um relacionamento comercial dê certo são precisos, na maioria das vezes, tempo e esforço, e nem sempre as envolvidas estão dispostas a despenderem a energia necessária.
Agora, vamos supor que após analisar vantagens e desvantagens de uma Joint Venture a diretoria pediu a você, como Controller, que avaliasse se a empresa está preparada para uma estratégia de Joint Venture.
Como saber se a empresa está pronta para fazer um Acordo Comercial?
Conforme vimos, criar uma Joint Venture representa uma grande mudança para qualquer negócio. Por mais benefícios que sua empresa avalie, é preciso saber se a operação se enquadra na estratégia de negócios. Por isso, em primeiro lugar é preciso ver se a Joint Venture estará alinhada com planejamento estratégico. Feito isso, alguns passos são recomendados:
- Faça uma revisão da estratégia comercial: analise os objetivos comerciais que a empresa possui e veja se uma Joint Venture é realmente a melhor opção. Avalie opções de Fusões e Aquisições e compare qual alternativa é a mais indicada. Caso a estratégia comercial foque na expansão empresarial, é importante que um plano seja elaborado. No artigo A importância do Plano de Expansão Empresarial falamos sobre quais pontos devem ser analisados.
- Faça um benchmarking: veja como seus concorrentes estão se comportando, em quais mercados atuam e como estão inovando. Com essa análise você pode verificar, por exemplo, que sua concorrência está atuando em um mercado novo. Nesse caso, sua empresa pode precisar de uma ajuda de outra organização para expandir fronteiras e aumentar o perímetro de atuação. Como cada região possui características próprias, é muito vantajoso a empresa fazer parcerias comerciais com organizações do país que tenha a intenção de atuar, como foi o caso da BRF que comentamos neste artigo.
- Realize uma Análise SWOT: a análise de pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças é essencial para descobrir se as empresas se complementarão (afinal, com toda a certeza você só entrará nessa se tiver um parceiro de Joint Venture que complementará seus próprios pontos fortes e fracos). Falamos sobre a Matriz SWOT neste artigo.
- Faça uma Análise de Cenários: analise o contexto (interno e externo) no qual a empresa está inserida e identifique fatores futuros que são passíveis de ocorrer. Isso faz com que a organização tenha uma visão mais clara do cenário atual e permite uma tomada de decisão mais fundamentada e precisa. Para saber como a projeção de cenários é feita, recomendamos este artigo.
- Analise a viabilidade do projeto: pense em uma análise mais completa da viabilidade dos investimentos que serão realizados pela sua empresa para fazer parte da Joint Venture. Para ajudá-lo na análise, juntamos diversos indicadores (VPL, VPLa, IBC, ROI, TIR, Payback, Ponto de Fisher, entre outros) em um e-book completíssimo, que você pode conferir nesse link: Indicadores Financeiros para Análise de Investimentos.
- Leve seus colaboradores em consideração: tenha em mente que funcionários podem sentir-se ameaçados por uma Joint Venture, pois podem ter medo de perderem seus cargos para colaboradores da outra empresa. Por isso, ao decidir que a estratégia será boa para seu negócio, não esqueça: comunicação clara e transparente é fundamental!
E depois, como avaliar o parceiro?
Após você avaliar que a estratégia de Joint Venture é adequada para o negócio é hora de avaliar se o parceiro é ideal para a empresa, ou seja, se possui recursos e habilidades complementares aos seus próprios.
Em termos gerais, uma boa análise considera:
- As empresas envolvidas possuem os mesmos objetivos de negócio?
- Que valores de marca da outra empresa complementam os seus?
- Qual é a reputação da empresa no mercado? E que reputação possui perante funcionários e clientes?
- A empresa já possui parceria de Joint Venture com outra organização?
- Qual é o tipo de gestão que eles utilizam?
- O que clientes e fornecedores dizem sobre sua confiabilidade e reputação?
- A empresa possui problema de crédito? É estável financeiramente?
Após a escolha do parceiro de Joint Venture, não esqueça de:
- Definir o que e como cada parte irá contribuir;
- Certificar-se de que todos entenderam os objetivos do acordo e
- Definir expectativas realistas.
Outra dica essencial é sua empresa aplicar um processo de Due Diligence e sugerir que a empresa com a qual você pensa em fazer parceria também aplique. Dentre os objetivos de um processo de Due Diligence estão: analisar documentos e dados contábeis e financeiros a fim de eliminar ou mitigar riscos envolvidos em uma operação de aquisição, fusão ou de acordos comerciais entre empresas, ou, ainda, descobrir informações escondidas sobre um negócio. Esse processo é excelente para eliminar ou mitigar riscos em operações empresariais combinadas.
Por isso sugerimos um checklist com mais de 65 itens para fazer uma auditoria na empresa. Nesse material, assinalando os campos “Já Possuo”, “Preciso Obter” ou “Não se aplica”, ficará fácil saber quais os itens a sua empresa precisa dar mais atenção.
Se você tiver interesse em baixar o Super Checklist gratuitamente, basta clicar na imagem:
Concluindo
Uma Joint Venture envolve duas ou mais empresas que unem recursos e experiências para alcançar um objetivo de fazer um acordo comercial empresaria, por um tempo determinado. Os motivos para a adoção dessa estratégia incluem: expansão de negócios, desenvolvimento de novos produtos, acesso a novos mercados e canais de distribuição, e busca por maior expertise técnica e recursos.
Importante lembrar que operações de Joint Venture não trazem apenas o compartilhamento de benefícios e lucratividade. Nessa associação temporária são compartilhados também riscos, prejuízos e custos. Por isso, como vimos, antes de sua empresa optar por essa estratégia são necessárias algumas análises. Lembre-se que, como Controller, seu papel é fundamental!
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