Quando o capital de giro ou o fluxo de caixa apresentam problemas, comprometendo a liquidez da empresa, a equipe de finanças precisa agir com rapidez e inteligência. E a melhor forma de fazer isso é conhecendo o maior número de possibilidades para resolver essas questões.
Das alternativas mais comuns, talvez o empréstimo seja a mais utilizada, o Hot Money também é umas das opções quando a empresa precisa de dinheiro rápido sem burocracias, no entanto, possui juros altos. Mas ainda existe outra que pode ser bastante oportuna: a antecipação de recebíveis. Não se trata de um empréstimo, mas de uma operação financeira para conseguir o adiantamento dos recebimentos que entrariam no seu caixa somente a prazo. Mas a dúvida é: por que optar por este modelo e não por um empréstimo? Quem faz essa operação?
São questionamentos que vamos responder neste texto. No desafio diário que é gerenciar as finanças de uma empresa, a antecipação de recebíveis se apresenta como uma opção de crédito que a empresa pode recorrer no caso de uma necessidade repentina. E essa decisão está intimamente ligada a toda a equipe financeira e de controladoria. Afinal, movimentações financeiras, normalmente cercadas de taxas e burocracias, pedem uma atenção especial.
Isso porque, sempre que o departamento financeiro reconhece a necessidade de recorrer a uma operação de crédito, a empresa está sujeita ou à solução de um problema pontual que tenha aparecido ou ao aumento das dificuldades. Ter o primeiro ou o segundo resultado depende muito do conhecimento de toda a equipe sobre os serviços oferecidos no mercado e da segurança com que realizamos as transações.
Então, fique atento a este texto porque vamos explicar em detalhes como funciona a antecipação de recebíveis, quais as vantagens e desvantagens e quando solicitar. Você ainda vai saber como buscar o adiantamento dos recebimentos. Tudo para poder optar por esta alternativa com muito mais tranquilidade.
Explicando em detalhes: o que é a antecipação de recebíveis
Imagine que você fechou uma venda no valor de R$ 2 mil e negociou o pagamento com o cliente em duas parcelas, para 30 e 60 dias. Então, a empresa só receberia o valor integral por aquilo que produziu depois de dois meses. Porém, neste intervalo de tempo, um outro cliente fez um pedido bem relevante, que representaria um grande adicional no seu caixa. O problema é que não há matéria-prima nem recursos para reforçar o estoque. Então, o que fazer?
Bom, uma possibilidade, é claro, é informar que não há como iniciar a produção para atender aquela demanda. Contudo, falar isso faria com que se perdesse a oportunidade e, também, muito provavelmente, o cliente. A outra solução seria antecipar os recebíveis. Ou seja, entrar em contato com uma instituição financeira para que ela adiante aqueles R$ 2 mil que você receberia só depois de dois meses.
Assim, a empresa já pode utilizar o dinheiro da venda que realizou para comprar matéria-prima e dar conta do novo pedido. O cliente, por sua vez, que comprou parcelado, vai continuar tendo o benefício do prazo de pagamento normalmente, sem ônus. Na hora de quitar a dívida, no entanto, o valor irá para a instituição financeira que antecipou o dinheiro para você.
Claro que, para que essa transação seja possível, a instituição financeira irá cobrar uma taxa de deságio, ou seja, descontará sobre o valor que você tem a receber um montante que corresponde aos juros e impostos. Essa quantia varia de instituição para instituição. Por isso, é recomendável pesquisar muito antes de escolher com quem será feita a antecipação dos recebíveis.
Inclusive porque as instituições financeiras que oferecem este serviço não são simplesmente concorrentes. A verdade é que são empresas que têm propósitos diferentes, atuam com objetivos distintos e, por isso, o modelo de antecipação de recebíveis acompanha o tipo de atuação de cada uma delas. Vamos entender melhor essas características?
Onde e como fazer a antecipação de recebíveis
São três tipos de empresas que fazem a antecipação de recebíveis: os bancos, as factorings e os FIDCs.
Os bancos, você já sabe, atuam com todo tipo de movimentação financeira. A vantagem de adiantar os recebimentos por meio de um banco é porque, naturalmente, toda empresa já tem algum relacionamento com essa instituição. Aproveitar esse contato para adquirir mais um serviço facilitaria um pouco o processo. A desvantagem é que, mesmo sendo cliente, os trâmites para aprovação da antecipação de recebíveis são bem burocráticos.
Já as factorings são empresas especializadas em antecipação de recebíveis. Ou seja, este serviço é o que mantém elas funcionando, ao contrário dos bancos, por exemplo, que têm uma série de produtos. Por conta disso, é mais fácil conseguir a aprovação da antecipação dos seus recebíveis nessas empresas. Em contrapartida, as taxas praticadas pelas factorings costumam ser mais elevadas.
Por último, há os FIDCs. São empresas que administram um investimento chamado Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios. Ou seja, eles usam os recebíveis para lastrear a aplicação que oferecem. É o ambiente mais vantajoso para buscar este serviço, já que as taxas são mais competitivas, são empresas menos burocráticas que os bancos e, além disso, elas não cobram IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras).
Para efetivar a antecipação de recebíveis, é preciso fazer um cadastro na empresa escolhida, ter o crédito aprovado pela instituição financeira e adequar-se às regras internas para antecipação, como respeitar o valor mínimo das operações, por exemplo. Normalmente, para ser validada, a cobrança precisa ter sido feita por meio de cheques ou duplicatas. Mas também há a possibilidade de fazer a antecipação a partir de vendas feitas por cartão de crédito.
Geralmente, a antecipação cai na conta após um intervalo de 24 horas do seu pedido. Mas pode acontecer de levar até sete dias para que o repasse de dinheiro seja feito. Portanto, na hora de escolher a prestadora de serviço, é indispensável avaliar qual a política está mais aderente às suas necessidades.
Assim, o ideal é não avaliar apenas as taxas que são cobradas. Obviamente que elas precisam passar por uma criteriosa análise. Porém, observe ainda o tempo prometido para o repasse dos valores (para que você possa receber o dinheiro dentro do prazo que precisa), a burocracia exigida (porque isso também impacta na demora que você vai ter para receber) e as regras de cobrança em caso de inadimplência.
É que, na grande maioria das vezes, apesar de não ser mais a sua empresa a responsável pelo recebimento do pagamento do cliente, uma inadimplência pode continuar sendo sua responsabilidade. Portanto, analise de que maneira o banco, factoring ou FIDC pode ser parceiro do seu negócio em caso de imprevisto.
Se a prestadora do serviço se responsabilizar pela cobrança ou mesmo tiver uma equipe treinada para isso, e possa negociar com a sua empresa numa eventual necessidade, é algo que precisa ser considerado. Assim, evitam-se dores de cabeça de todas as partes. Afinal, você adiantou valores para resolver um problema pontual, não para criar outro, não é verdade?
E por falar em problema pontual, vem uma questão: quando fazer a antecipação de recebíveis? Quais cuidados são necessários antes de optar por essa alternativa? É isso que vamos ver agora!
Quais as vantagens e desvantagens de antecipar recebíveis
A principal desvantagem da antecipação de recebíveis é substituir repetidamente uma boa estratégia de gestão, um orçamento empresarial bem elaborado e um gerenciamento de fluxo de caixa conservador pelo adiantamento dos recebimentos. Lembre-se que este recurso é uma operação de crédito e, como tal, deve ser utilizado para casos pontuais, com critério, cautela e consciência. E, claro, muito planejamento!
Obviamente que existem diferenças importantes entre a antecipação de recebíveis e um empréstimo, por exemplo. Na antecipação, a empresa não compromete o Orçamento Empresarial mensal com o pagamento do financiamento, pois a operação é realizada somente a partir daquilo que se tem para receber. E no momento da antecipação as taxas já são cobradas, então tudo se resolve mais facilmente.
No empréstimo, por outro lado, é preciso uma organização para pagá-lo e a receita para quitar essa dívida não está atrelada a uma venda especificamente. Além disso, é bastante comum que o empréstimo cobre uma taxa de juros superior à praticada na antecipação de recebíveis — o que não quer dizer que a antecipação será sempre mais em conta.
Por isso, novamente alertamos: pesquise. Algumas instituições costumam avisar somente o percentual fixo descontado de cada título antecipado, mas não falam nada sobre as outras taxas cobradas. Daí, na hora de fechar negócio, acaba se descobrindo que ainda há desconto sobre tarifa de transação, tarifa de antecipação e IOF. No fim, um empréstimo sairia mais barato.
Em resumo, a recomendação é: não se apegue à antecipação. Como qualquer modalidade de crédito, ela deve ser um recurso pontual e planejado, não uma muleta diária calçando as operações na empresa. Diante disso, recorra a esse recurso em sazonalidades, imprevistos, aumento repentino de demanda (como no caso que exemplificamos no início do texto) e épocas de crise.
Falando em épocas de crise, se você precisa de um suporte para saber como lidar com mares agitados na economia, na concorrência e nos tantos desafios que uma empresa passa com frequência, nós temos um material ideal para você. Faça o download gratuito de uma planilha que vai auxiliar sua empresa a criar, analisar e simular diferentes cenários econômico-financeiros. Assim, você conseguir elaborar a melhor forma de lidar com cada um deles. Clique na imagem abaixo e aproveite o conteúdo.
Agora, se a decisão for realmente por antecipar os recebíveis em momentos de crise ou necessidade, pesquise e avalie as melhores condições e a melhor instituição antes de efetivar a operação.
Concluindo
A forma mais segura de utilizar a antecipação de recebíveis é tendo o apoio de um sistema que organize o orçamento empresarial. Isso porque ele permite que a empresa tenha ciência das metas estipuladas e dos recursos necessários nos diferentes períodos do ano e em diferentes momentos da gestão. Evitando imprevistos, também evita-se o erro de buscar adiantamento dos pagamentos com uma frequência além da ideal.
A iniciativa, como dissemos, é bastante válida e, em muitos casos, vantajosa para cuidar do fluxo de caixa e da continuidade das atividades na empresa. Porém, ela não substitui boas ferramentas que assegurem a utilização dos recursos próprios para manutenção das operações. Quando se consegue equilibrar pagamentos e recebimentos de modo a garantir que tudo possa ser conduzido com recursos próprios, a saúde financeira fica bem melhor.
E para isso, nada mais ideal do que contar com um bom trabalho de planejamento e controladoria. Então, busque, sim, pela antecipação de recebíveis sempre que necessário. Mas, antes disso, utilize métodos capazes de organizar melhor as finanças como forma de evitar ao máximo operações de crédito. Porém, quando alguma for necessária, saiba exatamente o que é preciso fazer para não ficar dependente desse recurso.
Para auxiliar neste desafio, preparamos um e-book com orientações certeiras para ajudar no desenvolvimento de um planejamento estratégico e orçamentário capazes de deixar as operações da empresa mais seguras e organizadas. Para fazer o download gratuito do material, basta clicar na imagem abaixo.
Espero que este artigo tenha sido útil e que você tenha conseguido conhecer melhor a antecipação de recebíveis. Deixe um comentário contando o que achou e compartilhe conosco qualquer outro conhecimento que possa contribuir com o tema. Fique à vontade também para compartilhar este post com seus colegas.
Toda semana publicamos aqui artigos relacionados a planejamento, orçamento e acompanhamento econômico-financeiro. Também publicamos mensalmente materiais gratuitos para download como modelos de planilhas, white papers e e-books. Portanto, se você ainda não é assinante de nosso newsletter, cadastre-se para receber este e outros artigos por e-mail, ou nos adicione nas redes sociais para ficar por dentro de tudo que acontece por aqui.