Defensor de uma contabilidade gerencial e de maior proatividade por parte dos contadores, o autor Clóvis Luís Padoveze é referência no Brasil quando o assunto é Contabilidade, Administração e Controladoria. Pensando em trazer um pouco dos conhecimentos do pesquisador, convidamos-o para participar do Controller Cast.
Atuando no mercado há mais de 30 anos, com um currículo acadêmico brilhante e vários livros publicados, conversamos sobre a carreira de controladoria, o cenário brasileiro e processos orçamentários.
No episódio #10 do Controller Cast, você poderá conferir uma entrevista exclusiva com controller Clóvis Luís Padoveze. Destaque na conversa para a contabilidade gerencial, um dos temas mais debatidos por Padoveze. Escute agora mesmo pelo player o nosso podcast que tem o objetivo de tornar o time de controladoria ainda mais estratégico.
Se preferir, também pode acessar nosso canal no Soundcloud. O Controller Cast é um podcast pensado especialmente para profissionais das áreas de Planejamento, Controladoria e Finanças. Nele discutimos temas relacionados com a área, trazendo insights, conteúdos práticos e entrevistas com profissionais que estão fazendo a diferença em suas empresas. Veja também os episódios anteriores, se você perdeu algum é só conferir aqui:
#01: Controller Cast com Marcio Andrade, Controller da ContaAzul, para entender Os desafios da Controladoria em uma empresa de crescimento acelerado;
#02: Controller Cast com Daniela Sousa, Controller de uma holding, sobre sua experiência na Implantação dessa metodologia em um grande grupo de empresas;
#03: Controller Cast com Cícero Ferreira Filho, Sócio da Consultoria Ferreira Filho, sobre Como implantar a metodologia Orçamento Base Zero (OBZ) na prática;
#04: Controller Cast com Suzanne Sampaio, Coordenadora de Controladoria, sobre O desafio de implantar uma área de Controladoria;
#05: Controller Cast com Rafael Martins, Analista de Controladoria, sobre Transição de Carreira do Financeiro para Controladoria;
#06: Controller Cast com Alvaro Soncini, Controller na 99 Taxi, sobre Auditoria e Due Diligence;
#07: Controller Cast com Rui Cadete, sócio da Rui Cadete Consultoria, sobre Contabilidade do Futuro;
#08: Controller Cast com Piero Contezini, CEO da AsaaS, sobre Bitcoin, Blockchain e Ethereum;
#09: Controller Cast com Waldir Mafra, gerente de Controladoria da Liga Solidária, sobre Controladoria no Terceiro Setor.
Sobre Clóvis Luís Padoveze
Clóvis Luís Padoveze é doutor em Controladoria e Contabilidade, com mestrado em Ciências Contábeis e duas graduações, em Contabilidade e Administração de Empresas. Possui experiência de mais de 30 anos como Controller e Consultor Contábil e Financeiro.
Também atua como palestrante e professor de pós-graduação, além de possuir 15 livros publicados, todos na área de Controladoria, Contabilidade e Administração. Desses, foi premiado com Gerenciamento do Risco Corporativo em Controladoria na categoria Livro de Contabilidade pelo Jornal do Comércio, com o Troféu Cultura Econômica em novembro de 2009. Em 2005 recebeu a Medalha Horácio Berlink da Ordem do Mérito Contábil do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo.
Um bate papo sobre as percepções e lições de Clóvis Luís Padoveze
Veja o que conversamos:
- Como implementar uma cultura orçamentária?
- A cultura orçamentária precisa ser criada a partir da contabilidade. Apesar de que muitos empresários ainda não têm a visão clara do poder e da finalidade da contabilidade.
- Por isso o primeiro passo é avaliar a estrutura contábil, como centros de custos e planos de contas.
- A etapa seguinte é estruturar um plano orçamentário, que tem dois fundamentos: os cálculos e promover a cultura orçamentária.
- “Os cálculos” significa mensurar um plano, ou seja, verificar tudo que se imagina que vai acontecer no próximo ano ou nos 12 meses seguintes.
- A parte mais difícil é promover a cultura orçamentária junto com os gestores porque muitos não tiveram contato com o Orçamento ou alguns têm dificuldade de entender fundamentos contábeis, como a diferença entre Regime de Caixa com Regime de Competência, como também, a distinção dentre Custo, Despesa e Investimentos.
- Por isso, também é preciso ensinar os conceitos contábeis indispensáveis e promover treinamento para que todos pensem também no futuro.
- O ideal é que seja uma evolução natural de carreira do contador virar controller, certo? Por quê?
- Nos EUA, por exemplo, não tem o nome de controladoria nas disciplinas, nos cursos, mas sim contabilidade gerencial.
- O controller é a pessoa que consegue, por meio do conhecimento, deixar os dois grandes segmentos da contabilidade ativos na organização: a contabilidade financeira (que tem que atender ativos societários, bolsa de valores e as práticas contábeis) e a contabilidade gerencial (que complementa a primeira com tudo o que é necessário para o processo de tomada de decisão e controle da empresa). É na parte gerencial entra o Orçamento Empresarial.
- De fato, no Brasil há carência de profissionais e de visão dos contadores dessa evolução.
- O conceito do contador de duas pernas seria um pouco desse contador controller?
- O problema é que alguns contadores querem se aprofundar na formação de questões societárias e tributárias e não dão devida atenção para a parte gerencial, que é o Orçamento, Custos, Planejamento etc.
- Atualmente, o empresário quer um tipo diferente de contador, eficaz na parte regulatória e proativo na parte gerencial.
- Sem dúvidas, os estudantes devem se preparar para essa tendência.
- Atualmente, existe formação dentro da universidade, onde o profissional pode ter uma noção básica de controladoria?
- Os conteúdos programáticos no Brasil todo têm essa abordagem gerencial. Não há culpa das faculdades, dos cursos das universidades.
- Mas há uma exigência maior no mercado e na sociedade da parte regulatória que faz com que a maioria dos contadores se esqueça do gerencial.
- A parte de controladoria exige mais conceitos, mais teoria, e não há regras específicas. Por isso, tem que ter uma certa preparação de liderança. Aqui, há certa carência de saber que precisa ser líder, inspirar e ser proativo.
- Saindo da questão de carreira, o que o senhor acha da controladoria dentro de pequenas e médias e empresas?
- Não pode confundir função com exercício da função. Independente do porte da empresa, todas têm a necessidade de todas as funções, mas numa empresa menor há o acúmulo de funções.
- É possível que alguém mais eclético consiga absorver esse acúmulo porque em empreendimentos menores, a complexidade também é menor. Por exemplo, um gestor financeiro exercer função de contabilidade e controladoria.
- Definitivamente, controladoria é para qualquer empreendimento.
- Ainda há dificuldade em falar sobre Orçamento nas empresas, independente do porte? Por quê?
- A explicação está na história.
- O Brasil tem passado por seguidas crises ao longos dos últimos 50 anos. Em alguns períodos de hiperinflação, por exemplo, não era fácil fazer Orçamento. Empresas maiores faziam o Orçamento em dólar, mas poucos tinham esse conhecimento. Isso inibiu, e muito, o uso de técnicas mais avançadas de controle do Orçamento.
- Outro fator inibidor de uma contabilidade ativa é que por muito tempo o Brasil foi um país isolado, sem competitividade internacional.
- Tudo isso impediu que o empresário brasileiro enxergasse com clareza o poder da contabilidade. Mas isso acabou.
- Falando do Orçamento Empresarial, você defende que existem duas abordagens, a tradicional ou ortodoxa e as novas técnicas. A primeira pergunta que faço é se elas se anulam e qual a principal diferença entre essas abordagens.
- A abordagem ortodoxa é o Orçamento Clássico e continua válida.
- As novas técnicas são possibilidades conceituais para otimizar o Orçamento, que é ortodoxo. Ou seja, usando as novas técnicas é possível adicionar, estimular, motivar, provocar maior visão de profundidade do que já existe.
- Resumindo: a abordagem ortodoxa é o plano orçamentário completo, que cabe em qualquer empresa. Na sequência é definido como conduzir, usando novas técnicas.
- Por exemplo, Orçamento Base Zero é um conceito para aprofundar a análise das atividades que estão dentro da empresa e fazem parte do processo orçamentário. Orçamento Matricial é uma abordagem para aprofundar o conhecimento dos gastos.
- Dentre as novas técnicas, existe alguma que mereça destaque ou varia muito de acordo com o estágio de maturidade da gestão da empresa?
- Há em algum momento a necessidade de maturação gerencial, mas defendo, geralmente, o Orçamento Base Zero e o Matricial.
- O Orçamento descentralizado é um instrumento para a criação de cultura?
- Um Orçamento ditatorial não vinga, tem que ser participativo ou colaborativo, tem que haver a participação para ter também o comprometimento dos gestores.
- Esse tipo de Orçamento dá certa autonomia, mas por outro se exige responsabilidades.
- O que o senhor acha do uso de softwares, substituindo planilhas?
- Sugiro tão logo possível sair do Excel e ir para um sistema orçamentário, preparado, e aproveitar as melhores práticas que o mercado oferece.
- É um caminho natural. Talvez no primeiro ano, de implantação, a planilha ainda tenha utilidade, a partir daí se recomenda fortemente a utilização de um sistema orçamentário para tornar o processo mais ágil e reprodutível ao longo dos anos.
A conversa com Clóvis Luís Padoveze trouxe discussões ricas sobre como os momentos econômicos e políticos nas últimas quatro décadas influenciaram e ainda influenciam as áreas de Controladoria, Contabilidade e Administração. Algumas provocações para os profissionais de como disseminar a cultura da contabilidade estratégica e, mais, de como buscar conhecimento constante e, por fim, a conscientização também do empresariado com demandas cada vez exigente.
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Esperamos que você goste da nossa entrevista com Clóvis Luís Padoveze e consiga tirar boas ideias para sua carreira. Assine nossa newsletter para ficar sabendo dos próximos Controller Cast!
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