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CDI e CDB: o que são e qual o impacto no caixa da sua empresa?

Tanto no que diz respeito à economia do nosso país, quanto ao mercado de investimentos, existem alguns instrumentos financeiros que desempenham um papel essencial para investidores. Dois deles são o CDB e o CDI. Muito provavelmente você já ouviu falar sobre a dupla, contudo, o que vários empreendedores e donos de negócios não sabem, é que ambos podem impactar o caixa da empresa.

Para adiantar, os dois estão ligados aos investimentos e à liquidez das organizações. Mas você sabe quais são as diferenças entre CDB e CDI? Como e por que eles podem impactar a liquidez e a rentabilidade do caixa empresarial? Para encontrar essas e outras respostas, continue a leitura deste artigo!

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    Entendendo CDI e CDB: O que é CDI?

    CDI é um índice de referência para taxas de juros no mercado financeiro brasileiro. Ele reflete a média dos juros praticados em operações de empréstimos de curtíssimo prazo (geralmente de um dia) entre instituições financeiras. Colocando de uma maneira mais simples, ele é como uma “taxa de juros dos bancos”.

    Conhecido também por Certificado de Depósito Interbancário, o CDI reflete o custo dos empréstimos no mercado interbancário e acompanha de perto a taxa Selic, que é a taxa básica de juros definida pelo Banco Central para controlar a inflação e regular a economia do nosso país. Para refletir a realidade, o CDI é recalculado diariamente.

    Outro ponto importante sobre CDI, é que ele também funciona como um benchmark, ou seja, um índice de referência para medir a rentabilidade de diversos produtos de investimentos de renda fixa, como CDBs, LCIs (Letra de Crédito Imobiliário), LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), fundos DI e LCs (Letra de Câmbio).

    Uma curiosidade: o CDI surgiu nos anos 1980 como uma solução para regular a liquidez entre os bancos no Brasil, contribuindo para fortalecer o sistema bancário. Antes de sua criação, era comum que instituições enfrentassem dificuldades financeiras por falta de recursos disponíveis em caixa.

    Naquele período, o registro e a compensação dos empréstimos entre bancos eram realizados pela Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados). Com a fusão da Cetip e BM&FBovespa, essa função passou a ser desempenhada pela B3 , que hoje centraliza essas operações no mercado financeiro, sendo responsável pelo cálculo e divulgação do CDI.

    Por que o CDI é usado como referência para rendimentos no Brasil?

    O CDI é uma média das taxas praticadas entre os bancos. Por essa razão, ele costuma ser bastante estável e capturar com precisão o custo do dinheiro em transações seguras e de curto prazo. Isso torna o Certificado de Depósito Interbancário uma base confiável para calcular a rentabilidade de diversos investimentos.

    Vale ressaltar ainda que o CDI acompanha de perto a Taxa Selic, já que ambas são influenciadas pelo custo do dinheiro no mercado financeiro e pela política monetária. Dessa maneira, sempre que o cenário econômico muda — por exemplo, com aumentos ou reduções nos juros — o CDI reflete essas mudanças, ajustando-se automaticamente e mantendo-se relevante como referência para rendimentos no Brasil.

    Exemplo de como o CDI influencia as aplicações financeiras

    Antes de qualquer coisa, entenda que quando falamos de CDI existe a taxa DI, que representa a média dos juros praticados diariamente em operações de curtíssimo prazo entre bancos. A taxa DI é amplamente utilizada como referência para investimentos de renda fixa que remuneram com base em um percentual do CDI (como CDBs, LCIs e LCAs)

    Assim, tecnicamente, quando alguém diz que um investimento rende "90% do CDI", na prática, está se referindo a 90% da taxa DI. E o que significa isso exatamente? Vamos a um exemplo: imagine uma pessoa que decidiu investir em CDB. As premissas são:

    Passo 1: Calcular a taxa diária do CDI

    Primeiro, ajustamos a taxa CDI anual de 10,84% para a taxa diária. A fórmula utilizada é a da taxa proporcional:

    Taxa CDI diária = (1 + CDI anual) 1/252 − 1

    Onde 252 é o número de dias úteis no ano.

    Taxa CDI diária = (1 + 0,1084) 1/252 − 1 ≈ 0,0004214

    Ou seja, a taxa CDI diária é de aproximadamente 0,04214%.

    Passo 2: Calcular a rentabilidade do CDB

    O CDB do nosso exemplo oferece 90% do CDI, então o rendimento diário será 90% da taxa CDI diária:

    Rentabilidade diária do CDB = 0,0004214 × 90%

    Portanto, a rentabilidade diária do CDB será 0,0003793 ou 0,03793% ao dia.

    Passo 3: Calcular o rendimento de 30 dias

    Agora, calculamos o rendimento para o período de 30 dias:

    Rendimento bruto = 10.000 × (1 + 0,0003793)21 − 10.000
    Rendimento bruto ≈ 10.000 × 1,00806 − 10.000 ≈ R$80,81

    Ou seja, o rendimento bruto do investimento de R$ 10.000 em 30 dias seria de aproximadamente R$ 80,81.

    Passo 4: Calcular o Imposto de Renda (IR)

    O Imposto de Renda sobre o rendimento de R$ 80,81 será de 22,5%, conforme a alíquota para resgates em até 180 dias:

    IR = 80,81 × 22,5% = 18,18

    Passo 5: Calcular o rendimento líquido

    Subtraindo o Imposto de Renda, temos o rendimento líquido:

    Rendimento líquido = 80,81 − 18,18 = 62,63

    Resultado final

    O rendimento líquido do investimento de R$ 10.000 em um CDB com 90% do CDI, considerando a taxa CDI anual de 10,84%, seria de aproximadamente R$ 62,63 após 30 dias.

    O que é CDB?

    CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário. Trata-se de um título de renda fixa emitido por bancos para captar recursos. Na prática, quando alguém investe em um CDB, está emprestando dinheiro ao banco em troca de uma remuneração, a qual pode ser baseada em uma taxa fixa, percentual do CDI ou até mesmo um índice de inflação, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

    Existem três modalidades de CDBs, que são:

    Uma das vantagens do investimento em CDB é a segurança, pois ele conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Esse fundo assegura a devolução de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira, oferecendo uma camada extra de proteção para o investidor em caso de problemas com a instituição emissora do título.

    Diferença entre CDI e CDB

    Agora que você entendeu sobre CDI e CDB, vamos dar uma olhada nas principais diferenças entre eles. Para facilitar, veja a tabela:

    Qual é a relação entre CDI e CDB?

    Conforme você acompanhou até aqui, a relação entre CDI e CDB pode ser direta. O motivo é que muitos Certificados de Depósito Bancário são indexados à taxa DI. Isso significa que o retorno do CDB pode ser uma porcentagem do CDI (por exemplo, 100% do CDI, 110% do CDI, etc.).

    Portanto, note que o CDI é um termômetro do custo do dinheiro no mercado financeiro, o qual impacta diretamente no retorno dos investimentos em CDB e em outros produtos, como LCIs, LCAs, fundos DI e LCs. Para deixar bem claro:

    Note que acompanhar o CDI é uma maneira de prever o desempenho de um investimento atrelado à taxa e entender se ele está oferecendo um retorno atrativo em relação a outros produtos financeiros. Aliás, uma das vantagens do CDI é a possibilidade que ele dá aos investidores de compararem melhor a rentabilidade de diferentes produtos de renda fixa

    👉 ROA (Retorno sobre o Ativo): saiba o que é e qual a importância desse índice de rentabilidade

    Como CDI e CDB impactam o caixa de uma empresa?

    CDI e CDB significam coisas diferentes, mas ambos exercem um papel importante no caixa das empresas. Começando pelo CDI, ele é uma taxa de referência que reflete as taxas de juros médias praticadas entre os bancos. Monitorá-lo é fundamental porque algumas taxas, como a Selic, estão diretamente ligadas ao CDI. 

    Essas taxas não apenas determinam os rendimentos de investimentos, mas também influenciam os custos dos empréstimos e ajustes em contratos financeiros. Portanto, acompanhar o CDI é uma maneira de prever as variações no cenário econômico e de tomar decisões mais informadas sobre a gestão financeira da empresa.

    Não podemos deixar de mencionar que, muitas vezes, os empréstimos e financiamentos contratados pelas empresas têm suas taxas de juros atreladas ao CDI. Quando o CDI sobe, o custo do crédito também tende a aumentar, o que pode pressionar o fluxo de caixa, já que a empresa terá que pagar mais pelos juros de suas dívidas. Em contrapartida, uma queda no CDI pode diminuir os custos financeiros, aliviando o caixa da organização.

    Já com relação ao CDB, ele é  uma das opções de investimento que uma empresa pode considerar para otimizar seu fluxo de caixa. Nesse sentido, a liquidez do Certificado de Depósito Bancário tem um impacto direto no caixa. Alguns CDBs oferecem liquidez diária, o que oferece flexibilidade para a gestão de caixa, já que a empresa pode acessar o valor investido quando necessário. 

    Dica Treasy

    Muitas organizações recorrem aos empréstimos ou até mesmo à antecipação de recebíveis para realizar investimentos. Antes de tomar qualquer decisão, analise qual é a necessidade do seu negócio. Para isso, não deixe de ler:

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    Concluindo: CDI + projeção do fluxo de caixa

    Para as empresas, projetar o fluxo de caixa é importante, pois ajuda a garantir uma saúde financeira sólida. Organizações que fazem uma boa projeção de caixa estão também  preparadas para lidar com as flutuações econômicas.

    Adicionalmente, acompanhar taxas como CDI e Selic dão uma visão mais clara ao financeiro de como os custos e os rendimentos mudarão ao longo do tempo. Isso permite ajustar estratégias de investimento, planejar melhor a gestão de desembolsos e evitar surpresas financeiras indesejadas.

    Já que o assunto é fluxo de caixa, você sabe como fazer uma projeção detalhada que ajuda sua empresa a se antecipar aos desafios financeiros e a otimizar os resultados? Caso queira uma ajuda, aproveite que está aqui e assista a aula de Projeção de Fluxo de Caixa (DFC) que desenvolvemos para o Curso Gratuito de Planejamento Orçamentário. A aula é também gratuita e você pode acompanhá-la aqui ou abaixo:

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