O que significa sucesso para você? Para alguns, é ser reconhecido profissionalmente, para outros é ter uma vida estável, enquanto para muitos tantos sucesso é sinônimo de muito dinheiro. Em resumo: o sucesso tem suas várias nuances e pontos de vista, mas em comum é a felicidade contidas em todas eles.
Se é assim num campo mais filosófico da vida, vamos mudar para a parte prática: o que você define por uma empresa de sucesso? Ou, ainda, como você sabe se seu negócio é bem-sucedido? Pelo boca a boca? Pelo número de clientes? Pelo tamanho da empresa? Perspectiva de crescimento?
A verdade é que tudo isso é muito subjetivo. Por exemplo, você pode ter um crescimento de 20% na base de clientes mês a mês, mas ao final de um exercício perceber que está operando no negativo. Exatamente para evitar essa subjetividade é que existe o que podemos chamar de medida universal para definição de sucesso de um negócio. Trata-se da análise de Fluxo de Caixa.
Então, que tal parar uns minutinhos o que você está fazendo e aprender um pouco mais sobre formas de analisar um Fluxo de Caixa?
Por que fazer uma análise de Fluxo de Caixa?
Colocado de maneira bem simples, a análise de Fluxo de Caixa mede o quanto de dinheiro entra e sai de uma empresa (ou seja, é gerado e gasto) em um período específico. É considerada como a melhor forma de medir o desempenho de um negócio porque:
- Pode ser medido e comparado: dinheiro é algo tangível e quantificável. Qualquer pessoa, ao medir a quantia de dinheiro de uma empresa, vai saber o que a soma monetária representa. Sabe quando você vai viajar e perguntam do que você mais gostou? Existem coisas que não dá para comparar (por exemplo, comparamos maçã com maçã e não com laranjas) e o Fluxo de Caixa unifica essa comparação, pois o idioma que ele fala (ou seja, o que os números dizem) é universal.
- É universalmente aceito: se sua empresa tiver R$ 30 milhões em caixa, você não precisa convencer ninguém sobre a quantia. Ela está lá e pronto. O mesmo não se pode dizer da propriedade intelectual, goodwill, depreciação etc. Uma ideia pode ser valiosa para algumas pessoas e inútil para outras, mas o dinheiro não: é aceito e entendido por todos os empreendedores.
- É uma ferramenta para tomada de decisão: por apresentar quais fontes de receita se destacam e como o dinheiro está sendo empregado, o empreendedor consegue tomar decisões com mais clareza.
Outra razão pela qual a análise de Fluxo de Caixa é tão útil é porque ela apresenta o Regime de Caixa, ou seja, o registro dos documentos na data que foram pagos ou recebidos. Isso é importante para gerenciar a liquidez do negócio (capacidade de pagar seus compromissos), pois, muitas vezes, a empresa pode estar com uma boa rentabilidade (ou seja, dando lucro), mas no curto prazo não possui dinheiro em caixa (capital de giro) para pagar as contas.
É também graças à análise de Demonstração do Fluxo de Caixa (falamos sobre DFC a seguir) que o empreendedor sabe com quanto dinheiro pode contar, como andam as despesas e se há uma tendência para crescimento ou redução de rendimentos.
Ao perceber que o Fluxo de Caixa diminuiu (ou está caindo), será necessário avaliar o motivo e repensar a estratégia da empresa. Viu só como o assunto é importante?
Sobre a Demonstração de Fluxo de Caixa
Demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstrativo de Fluxo de Caixa ou DFC: para empresas, tem tanta importância quanto a Demonstração de Resultados (DRE) e o Balanço Patrimonial.
Lembra que falamos que a análise de Fluxo de Caixa mede o quanto de dinheiro é gerado e gasto em uma empresa? Pois bem, é a DFC que apresenta as entradas e saídas de caixa, isto é, analisa-se o caixa olhando o demonstrativo. Com isso, é possível avaliar não apenas a lucratividade da organização, mas também sua liquidez e solvência.
Sem uma Demonstração de Fluxo de Caixa pode ser difícil ter uma imagem precisa do desempenho de um negócio. Para entender melhor, enquanto que a DRE registra vendas e lucros, a DFC é que faz o alerta se as vendas não geram caixa suficiente para cobrir as despesas (neste artigo esclarecemos algumas confusões sobre Demonstrativo de Fluxo de Caixa e Demonstrativo de Resultados).
Ambos os relatórios (DFC e DRE) são fundamentais para empresas que buscam previsibilidade financeira. Inclusive, a análise desses demonstrativos é uma das etapas da metodologia que criamos para auxiliar organizações que querem conquistar essa previsibilidade.
A metodologia foi criada após entendermos a visão de cerca de 3 mil empreendedores e busca, principalmente:
- Implantar a cultura de dados para tomadas de decisão;
- Mostrar como sua empresa pode obter previsibilidade financeira;
- Ajudar você a otimizar o seu tempo, sair da operação financeira e atuar de maneira mais estratégica.
Caso queira saber mais, acesse nosso Curso Online de Gestão Orçamentária com a Metodologia Treasy. É só clicar no link e ir direto para a página com todos os detalhes do curso!
Agora que entendemos o que é DFC e sua importância, podemos seguir e entender como ele funciona na prática.
Estrutura do DFC
Para analisar o Fluxo de Caixa de uma empresa é importante conhecer a estrutura de uma DFC. Como vimos, o demonstrativo resume transações em dinheiro de uma empresa durante um período contábil, classificando-as em três áreas, a saber:
- Fluxo de Caixa das atividades operacionais: referem-se às principais operações da empresa, como prestação de serviços, compra de estoques e suprimentos, pagamento de contas a fornecedores e outros. Geralmente, as atividades operacionais envolvem ativos circulantes e passivos circulantes.
- Fluxo de Caixa de investimento: seria onde a empresa coloca seu dinheiro para retorno de longo prazo. Entram na lista: aquisição/venda de propriedades e equipamentos, investimento em títulos etc. Em geral, as atividades de investimento incluem transações que envolvem ativos não circulantes.
- Fluxo de Caixa de financiamento: seria onde a empresa obtém seus fundos, como o investimento do(s) proprietário(s), empréstimo bancário e outras dívidas de longo prazo. O pagamento de tais itens (ou seja, a retirada do(s) proprietário(s) e o pagamento de empréstimos) também são atividades de financiamento. Geralmente, as atividades de financiamento incluem aquelas que afetam o passivo e capital não circulante.
Em uma DFC todas as entradas são apresentadas em números positivos, enquanto todas as saídas são negativas (apresentadas entre parênteses). Veja abaixo um exemplo:
Observe que após o registro das entradas e saídas o DFC apresenta o saldo de caixa no início do período, as variações durante o período e o saldo resultante ao final. E como realizar o registro? Uma maneira é por meio de uma planilha.
Caso você precise de algo simples de usar, mas eficiente, nós ajudamos disponibilizando uma planilha para download gratuito.
Como analisar uma DFC?
Agora que você já entendeu o que é e a importância do DFC, bem como sua estrutura, vamos partir para algo mais prático. Confira algumas das maneiras de se fazer a análise de Demonstração do Fluxo de Caixa.
Análise Vertical
Como o nome sugere, a Análise Vertical do Fluxo de Caixa é realizada de cima para baixo ou de baixo para cima. Por meio dela é possível analisar em quais os totais o volume de receitas ou despesas está mais concentrado.
Análise Horizontal
Com Análise Horizontal de Fluxo de Caixa é possível comparar resultados de um mesmo indicador em relação a períodos anteriores. Em outras palavras: é possível criar uma análise entre períodos, verificando a evolução de contas a receber ou de contas a pagar em um período que pode ser diário, semanal ou mensal. Ao ter essa informação o financeiro consegue perceber e delimitar tendências financeiras, melhorando o planejamento.
DFC Planejado x DFC Realizado
Em seguida, temos DFC Planejado x Realizado, extremamente importante para analisarmos se os objetivos e metas planejados estão sendo alcançados. Destacamos que é normal ocorrerem desvios entre o que foi planejado e o que está sendo realizado. O sinal de alerta deve acender quando esses desvios significarem que a situação saiu do controle. Nesse caso, é bem provável que sejam necessárias ações mais “enérgicas” para retomar o curso planejado (ou aproveitar as oportunidades, caso os desvios sejam positivos).
Para esta análise, você pode criar uma coluna em sua Demonstração de Fluxo de Caixa e realizar a comparação dos resultados planejados com os resultados realizados.
Indicadores de Fluxo de Caixa
O DFC representa uma fonte valiosíssima de dados para elaboração de KPIs. Para se ter uma ideia, com os indicadores financeiros apurados pelo regime de caixa sua empresa pode acompanhar:
- Resultado Bruto (Margem Bruta): representa o quanto de valor fica no caixa da sua empresa. Para encontrá-lo, basta a conta: Faturamento - Custos Variáveis.
- Resultado Operacional (Margem Operacional): mostra se as operações da empresa estão dando resultado, isto é, mostra o quão saudável é a atividade do seu negócio. Sua fórmula é simples: Resultado Bruto – Despesas Operacionais (despesas fixas necessárias para que a empresa opere).
- Geração de Caixa: é ele que mostrará se o coração da empresa ainda está batendo, ou seja, se sobrou o se faltou dinheiro. Com esse indicador você conseguirá saber se terá saldo em conta daqui alguns meses, se terá fôlego para pagar um financiamento, se suportará uma queda nas vendas ou aumento no preço dos principais fornecedores. Para chegar neste indicador, basta subtrair todas as saídas após o Resultado Operacional.
E depois da análise de Fluxo de Caixa?
Análise de Caixa realizada e índices de Demonstrativo de Fluxo de Caixa avaliados. Isso significa que já dá para cruzar os braços? Muito pelo contrário! O trabalho está apenas começando.
O próximo passo é a estruturação do DRE, conforme abaixo:
Aqui não nos alongaremos no assunto, mas temos tudo explicadinho no post: Análise de DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício): tudo que você precisa saber sobre a Demonstração de Resultados do Exercício em um só lugar.
Concluindo
A análise de Fluxo de Caixa mede o quanto de dinheiro entra e sai de uma empresa em um período específico, ou seja, mostra para o empreendedor a quantas andam suas operações. Como vimos, é uma ferramenta indispensável para quem busca previsibilidade financeira nos negócios, bem como para quem entende a importância da tomada de decisão baseada em dados.
Além de mostrar como realizar a análise de Fluxo de Caixa, falamos da importância de estruturar o DRE e deixamos um gancho para nosso artigo específico sobre Demonstrativo de Resultados de Exercício. Agora que você entendeu a relevância de ambos os relatórios, queremos deixar uma dica final.
A análise de Fluxo de Caixa deve ser uma constante, mas antes de realizá-la, tenha a certeza de que o controle de caixa esteja bem executado. Sobre isso, indicamos a leitura do artigo: Os 5 principais erros no Controle de Caixa: veja como fazer o controle de caixa da sua empresa com excelência.
Esperamos que este artigo tenha sido útil a você. Deixe um comentário contando o que achou e compartilhe conosco qualquer outro conhecimento que possa contribuir com o tema. Fique à vontade também para compartilhar este post com seus colegas.
Toda semana publicamos aqui artigos relacionados a planejamento, orçamento e acompanhamento econômico-financeiro. Também publicamos mensalmente materiais gratuitos para download como modelos de planilhas, white papers e e-books.
Portanto, se você ainda não é assinante de nosso newsletter, cadastre-se para receber este e outros artigos por e-mail, ou nos adicione nas redes sociais para ficar por dentro de tudo que acontece por aqui.