Investir ou não investir, eis a questão. A frase poderia ter sido dita por algum Shakespeare das finanças. Em muitos momentos você mesmo já deve ter feito essa pergunta. E isso é óbvio, afinal, perder dinheiro não faz parte de seu projeto de vida, muito menos de seu trabalho.
Aliás, muito antes do próprio Shakespeare ninguém nunca ficou feliz em gastar mais do que recebia. Ou em investir em algo sem ter um retorno. Para evitar isso existem diversos indicadores de rentabilidade e de risco a serem analisados antes de serem tomadas quaisquer decisões.
Para tratar do assunto, resolvemos abordar a Taxa Mínima de Atratividade, que dará um primeiro passo na hora de lidar com a dúvida Shakespeariana. A TMA, inclusive, já foi citada em nosso artigo sobre Valor Presente Líquido, mas sem estar nos holofotes.
Agora resolvemos dar ao assunto a importância que ele merece e preparamos um material completo para você entender melhor sobre o tema. Vamos lá?
Vantagens da Taxa Mínima de Atratividade - por que saber sobre TMA?
Imagine que surgiu a ideia de fazer um super investimento, o qual deixou a área de planejamento e finanças alvoroçada. Pense o estrago financeiro que isso faria à empresa se a emoção falasse mais alto que a razão e uma análise mais minuciosa sobre a viabilidade do tal investimento fosse jogada para escanteio.
Por esse motivo, a Taxa Mínima de Atratividade traz um grande benefício. Ela funciona puramente como o cérebro, deixando de lado as emoções e focando essencialmente nos aspectos financeiros.
Com a TMA, os administradores e analistas financeiros mantém suas atenções nos riscos de um investimento ou na potencial baixa taxa de retorno.
A maioria das organizações que levam os riscos em consideração ao analisar investimentos em projetos o fazem por meio da Taxa Mínima de Atratividade. Quando o risco é alto, uma elevada taxa é definida. Em outras palavras: é infinitamente preferível utilizar a TMA ao invés de ignorar um risco ou apenas tratá-lo como intangível.
Ok, mas o que é a Taxa Mínima de Atratividade?
Primeiro, vamos começar com uma pergunta: o que faz um projeto entrar na categoria de “projeto viável”? A resposta - desculpe o clichê - é clara como a água. É necessário que se receba mais dinheiro do que o investido. E isso vale também para quaisquer tipos de investimentos.
A linha para determinar se vale a pena tirar dinheiro do caixa para investir é desenhada por um fator importantíssimo: o dinheiro que retornará. É aí que entra a Taxa Mínima de Atratividade. Do acrônimo TMA, corresponde ao mínimo que um investidor se propõe a ganhar, ou ao máximo que alguém propõe-se a pagar ao realizar um financiamento.
A Taxa Mínima de Atratividade é considerada uma excelente ferramenta especialmente na hora de escolher entre as diversas opções de investimento disponíveis. Tanto em níveis estratégicos quanto em financeiros, a TMA é uma das primeiras ferramentas para avaliar a atratividade de um investimento.
A análise de investimentos a TMA é estimada com base nas principais taxas de juros praticadas pelo mercado. As que atualmente mais exercem impacto são:
- TMF - Taxa Básica Financeira;
- TR - Taxa Referencial;
- TJLP - Taxa de Juros de Longo Prazo;
- SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
Resumindo: na hora de investir em sua empresa um investidor vai fazer uma conta simples. Algo como "quanto de retorno vou ter em x anos? Será que não vale mais a pena deixar o dinheiro na poupança?".
Desvantagens da Taxa Mínima de Atratividade
Imagine um projeto com uma elevada Taxa Mínima de Atratividade. Caso a empresa foque apenas em um curto prazo, é muito provável que ele acabe sendo descartado. Aí surge o maior ponto negativo da TMA: inevitavelmente projetos rentáveis acabarão na lixeira do seu desktop.
Isso pode fazer com que a empresa tenha um posicionamento mais conservador e demore um pouco mais para investir naquelas inovações que possuem um retorno incerto em um curto período de tempo.
Outra questão a tratarmos é a subjetividade da Taxa Mínima de Atratividade, já que o valor correspondente à TMA é uma estimativa.
O que levar em consideração na hora de pensar em TMA?
Não existe uma fórmula ou um algoritmo para ajudar a encontrar a Taxa Mínima de Atratividade. No entanto, há 3 componentes (ou cenário econômico-financeiro) a serem levados em consideração no cálculo de TMA:
#01 - Custo de Oportunidade. Aqui no blog já falamos que para toda decisão que tomamos, automaticamente renunciamos a todos os outros caminhos possíveis (neste artigo abordamos com detalhes sobre Custo de Oportunidade).
Observe que o conceito de custo de oportunidade trabalha com a noção de que o verdadeiro valor de algo diz respeito ao que foi deixado de lado para se obter algum benefício. Basicamente, então, é o sacrifício de algo para obter alguma coisa.
Fazendo uma relação, o cálculo de Taxa Mínima de Atratividade faz um estudo sobre o custo de oportunidade do dinheiro. Explicando: imagine se a empresa possui três opções de investimento. Para definir a TMA é necessário analisar o quanto de dinheiro será ganho de acordo com o investimento escolhido.
Toda escolha é uma renúncia (já dizia o poeta), portanto, o custo de oportunidade está relacionado à remuneração que se obteria pelo capital caso o mesmo fosse aplicado em outra alternativa. Ou seja, a escolha menos rentável das alternativas seria a TMA.
#02 - Risco do Negócio. Citamos sobre a relação risco-TMA. A viabilidade de um investimento ou projeto é também definida ao analisar se os ganhos financeiros remunerarão os riscos. Quanto mais alto for o risco, mais alto será o retorno financeiro esperado e mais alta será também a Taxa Mínima de Atratividade.
#03 - Liquidez. Neste item deve ser analisada a velocidade que o investimento será convertido em caixa. (Dica: Indicadores de Liquidez – Corrente, Seca, Imediata e Geral).
É importante destacar que a Taxa Mínima de Atratividade vai ser sempre a menor taxa que uma empresa/pessoa tem à disposição na hora de avaliar um investimento.
Aplicando a TMA - relação com o Valor Presente Líquido
O Valor Presente Líquido, também conhecido como VPL, é um dos métodos mais utilizados quando o assunto é análise da viabilidade de projetos de investimento.
Para chegar ao VPL existe uma fórmula cujo resultado é interpretado da seguinte maneira:
- VPL Negativo = despesas maiores que as receitas, ou seja, o projeto é inviável;
- VPL Positivo = receitas maiores que as despesas, ou seja, o projeto é viável;
- VPL Zero = receitas e despesas são iguais, ou seja, a decisão de investir no projeto é neutra.
Mas você deve estar se perguntando: ok, como a Taxa Mínima de Atratividade tem a ver com isso? Para responder, dá uma olhada na fórmula:
Onde:
VPL = Valor Presente Líquido
FC = fluxo de caixa
t = momento em que o fluxo de caixa ocorreu
i = ou taxa mínima de atratividade
n = período de tempo
Conseguiu entender? Não tem como obter o VPL sem antes definir a Taxa Mínima de Atratividade. E para você compreender melhor sobre o Valor Presente Líquido temos um artigo inteirinho sobre o assunto, com um exemplo de aplicação da TMA:
Relação de Taxa Mínima de Atratividade com o Custo de Capital
Para muitos especialistas, a melhor e mais apropriada TMA é a taxa do custo de capital. Sabemos que as empresas podem se financiar através de capital de terceiros, capital próprio e de reinvestimento de lucro. Também é sabido que cada uma dessas formas tem um custo para a organização, que diretamente reflete nas expectativas de retorno de longo prazo aos investidores.
Já que um projeto ou um investimento só será viável se agregar valor à empresa e atender às expectativas de seus stakeholders, muitos consideram que o custo de capital investido no projeto em questão é a TMA mais apropriada para análise de viabilidade. Faz sentido, certo?
Concluindo com um bônus!
Pensando que você aplica seu dinheiro em um determinado investimento e recebe X% de lucro, na hora de optar por um novo investimento você com certeza vai querer algo que lucre mais que o atual X%. Nesse caso, a Taxa Mínima de Atratividade seria o próprio X%.
Como vimos, a Taxa Mínima de Atratividade é o mínimo que um investidor se propõe a ganhar, ou ao máximo que alguém propõe-se a pagar ao realizar um financiamento. Como não existe um valor único ou uma fórmula, alguns fatores devem ser analisados: custo de oportunidade, risco do negócio e liquidez. São esses três itens que darão um valor para a TMA.
Muitos especialistas e estudiosos no assunto consideram a relação TMA = custo de capital. Isso porque se um projeto teve um custo de capital Y, espera-se que, no mínimo, o valor Y retorne para a empresa (considerando sempre o valor do dinheiro no tempo, claro).
Além disso, essa taxa tem relação direta com o Valor Presente Líquido, um dos Indicadores Financeiros para Análise de Investimentos mais utilizados. Isso porque para chegar ao VPL é necessário definir a Taxa Mínima de Atratividade.
Falando sobre indicadores, não deixe de conferir o e-book completíssimo que lançamos sobre este tema:
No material, abordamos diversos indicadores importantes como TIR, VPLa, Payback, ROIC, Ponto de Fischer, entre outros.
Mas e aí, conseguiu entender a importância da TMA? Esperamos que este artigo tenha dado um empurrãozinho inicial para você pensar na Taxa Mínima de Atratividade toda vez que for calcular a viabilidade de um novo investimento ou projeto.