Você sabe o que Walmart, da família Walton e a norte-americana Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, têm em comum? Elas estão entre as maiores empresas familiares do globo.
No Brasil, negócios gerenciados por família são considerados um dos pilares da nossa economia. Apesar disso, pesquisas apontam que de cada 100 empresas familiares abertas e ativas, apenas 30 sobrevivem à primeira sucessão. Se o número merece atenção, então prepare-se para outro dado: apenas cinco chegam à terceira geração.
O motivo disso? Bom, um negócio (seja ele familiar ou não) pode falir pela má Gestão Orçamentária, pela falta de um plano de ação quando os números do caixa indicarem que há algo errado ou por um mal elaborado Planejamento Estratégico, por exemplo. No caso de empresas familiares existe ainda um agravante: a falta de um Plano de Sucessão Familiar.
Infelizmente, uma boa parte das empresas familiares não possui um planejamento sucessório, o que significa que correm o sério risco de serem pegas desprevenidas e não saberem como agir em momentos de incertezas.
Para que seu negócio não passe por isso, resolvemos eliminar as dúvidas quanto à Sucessão Familiar e mostrar por A + B sua importância para a longevidade financeira.
O que é considerado um negócio familiar?
Primeiro, vamos desmistificar a ideia de que empresas familiares são caracterizadas por estruturas enxutas. Embora isso seja verdade em alguns casos, é possível vermos um negócio familiar tanto por trás de micro e pequenas empresas quanto multinacionais (como mostramos na introdução deste artigo).
Em uma empresa familiar, conforme o nome sugere, quem detém a maior parte dos votos e decisões é a família controladora. Assim, a sucessão familiar é um processo natural nesse tipo de empresa, mas é algo que precisa de muita atenção. Isso porque em um negócio familiar, a sucessão pode causar intrigas e conflitos de interesses, o que pode resultar na empresa indo parar nas mãos de membros despreparados.
Falaremos sobre isso mais adiante, por ora analisaremos os pontos fortes e fracos de um negócio familiar.
Vantagens de um negócio familiar
- Comprometimento: a família tende a ser mais comprometida em ver seu negócio crescer e passar para as próximas gerações. Em uma empresa familiar também é comum vermos membros trabalharem mais e reinvestirem a maior parte de seus lucros pensando em um longo prazo. Além disso, é igualmente mais usual vermos membros da família, ainda jovens, inseridos no contexto da empresa, o que aumenta mais o compromisso com o negócio.
- Transmissão do conhecimento: em empresas familiares uma das prioridades é que conhecimentos, habilidades e experiências acumuladas sejam transmitidas e ensinadas às próximas gerações.
- Confiabilidade: empresas familiares têm seu nome e reputação associados aos seus produtos/serviços. Isso faz com que os membros se esforcem para aumentar os resultados e manter um bom relacionamento com seus parceiros (clientes, fornecedores, funcionários, comunidade etc.).
Desvantagens de uma empresa familiar
Assim como em qualquer gestão, um negócio familiar está sujeito a não ser sustentável em um longo prazo por motivos como: falta de planejamento estratégico, acompanhamento e controle orçamentário inadequado, despesas projetadas de forma errada, má gestão do fluxo de caixa, falta de projeção de cenários e análise de concorrência, problemas político-econômicos, etc.
No entanto, quando falamos especificamente de negócios familiares, algumas fraquezas são observadas:
- Complexidade: pense na natureza de uma família e você entenderá o primeiro ponto da nossa lista. Toda família tem seu grau de complexidade e ao adicionarmos emoções familiares ao negócio há o risco de aumentar os problemas que a empresa familiar precisa lidar.
- Falta de disciplina: muitas empresas familiares não prestam atenção suficiente às áreas estratégicas fundamentais, como planejamento de sucessão de CEO e outros cargos de gerenciamento-chave (como CFO e COO). Atraso ou falta de comprometimento em decisões estratégicas pode levar a falhas de negócios.
- Informalidade: como a organização é administrada pela família, geralmente não há tanto interesse no estabelecimento de práticas e controles orçamentários, financeiros e comerciais bem definidos. Isso pode ser um problema no futuro, pois conforme a empresa cresce, corre-se o risco de aumentar a ineficiência e os conflitos internos.
Sobre controle do orçamento (que é uma de nossas especialidades), não podemos esquecer de passar uma dica. Para não deixar sua empresa (familiar ou não) a cair na armadilha da falta de planejamento orçamentário ou orçamento empresarial desatualizado, preparamos um webinar que mostrará como realizar uma gestão efetiva do orçamento. Para acessá-lo, é só clicar no banner abaixo:
O webinar está dividido em quatro partes:
- Introdução ao Controle Orçamentário;
- Cálculo de Variações;
- Análise dos Resultados Econômicos - Demonstrativo de Resultados de Exercício (DRE);
- Análise dos Resultados Financeiros - Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC).
Bom, agora que abordamos prós e contras de um negócio gerenciado pela família, vamos falar da continuidade da empresa familiar. Para isso, o assunto será o planejamento sucessório familiar.
A importância do Plano de Sucessão Familiar
O plano de sucessão familiar pode ser complicado pelas relações afetivas envolvidas, mas deve ser prioridade para modelos de negócio desse tipo, afinal, este é um importante passo para profissionalização da empresa familiar. Nesse caso, algumas perguntas devem ser respondidas:
- Quem vai possuir e administrar o negócio?
- Quem irá administrar é da família ou será um profissional contratado para a função?
- Se a administração for para um membro da família, essa pessoa possui todas as competências necessárias?
- Como a propriedade e a administração serão transferidas para novos proprietários?
- A empresa será vendida?
- É possível (e há interesse em) criar uma holding? Nesse caso, a holding pode ser criada pelo fundador de um grupo para manter a maioria das ações com direito ao voto, permitindo a continuidade da empresa diante de herdeiros ansiosos por se beneficiar da morte do fundador. Sendo assim, a holding atua como um poder estabilizador. Para entender melhor como funciona uma holding, sugerimos o artigo O que é e por que criar uma Holding Empresarial?.
A ideia é que essas perguntas sejam um direcionamento para que a transição de propriedade ocorra de maneira suave e a gestão da empresa seja comandada pela pessoa mais preparada para o cargo. Por exemplo, o plano de sucessão deve abordar para quem será transferido o gerenciamento da empresa. Imagine que o atual dono do negócio possua três filhos, ele pode optar por passar a gestão do negócio para um dos filhos e a propriedade para os três, em partes iguais, ou ainda, contratar um CEO experiente e passar a propriedade para os filhos.
Dentre os objetivos de plano de sucessão familiar, estão:
- Assegurar a sustentabilidade da empresa perante colaboradores, stakeholders e mercado;
- Garantir a transparência do processo (Governança Corporativa);
- Profissionalizar a linha sucessória e demais lideranças;
- Traçar metas de curto, médio e longo prazos.
Ninguém pode planejar um desastre! A Gestão de Riscos em uma Empresa Familiar
Outra importância da elaboração de um planejamento sucessório está na frase “ninguém pode planejar o desastre”. Como controller, você elabora com êxito as projeções de receita, por exemplo, mas não consegue planejar a necessidade de um CEO de se aposentar repentinamente. É aqui que entra uma boa Gestão de Riscos dentro do escopo macro do Planejamento Sucessório.
Por isso, quanto antes o plano for elaborado, mais rápido poderá ser colocado em prática uma série de contingências que ajudarão a empresa a permanecer à tona. Adicionalmente, o planejamento de sucessão familiar beneficia o negócio “agora”.
É errado vermos o plano como algo a ser acessado somente quando a liderança sofrerá alterações. Ao contrário, um plano de sucessão pode ser usado para construir uma liderança forte, ajudar um negócio a sobreviver às mudanças no mercado e forçar os executivos a analisar os objetivos da empresa.
Importante destacar que para obter êxito em um planejamento sucessório familiar é necessário que a sucessão esteja acima de interesses pessoais. Na sequência separamos algumas outras dicas a serem observadas.
Dicas para um Planejamento Sucessório Familiar de sucesso
Um plano de sucessão familiar pode não ser algo fácil especialmente porque, conforme dissemos, muitas emoções podem estar envolvidas. Para tornar o processo menos complicado, confira as dicas que preparamos:
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- Inicie o planejamento de sucessão familiar antecipadamente. Pense no seguinte: a hora de começar um plano sucessório é agora. Especialistas dizem que a estratégia de sucessão deve estar já no plano de negócios da empresa. A relação é: quanto antes ele começar, mais leve será o processo transitório.
- Elabore um plano flexível. Assim como o orçamento empresarial e o planejamento estratégico podem (e devem) ser readequados conforme a necessidade, o mesmo ocorre com o plano de sucessão familiar. Situações envolvendo o negócio (como mercado e concorrência), bem como família e saúde, são dinâmicos. Sendo assim, o plano deve ser fácil de modificar e alterar.
- Envolva a família. Envolver a família no planejamento de sucessão reduz a discórdia mais tarde e permite que o empresário determine o melhor sucessor para o negócio. Ao discutir com os membros familiares, poderá se chegar à conclusão de que, nem todos desejam estar envolvidos na empresa, pois podem ter seus próprios negócios ou carreiras que desejam seguir. Ou, ainda, pode-se concluir que a direção da empresa deve ser feita por um profissional contratado (isso ocorre com frequência nas grandes empresas). O envolvimento da família é ótima oportunidade para avaliar honestamente as pessoas que desejam fazer parte da sucessão.
- Observe a família de forma realista. O empresário quer que o primogênito assuma o negócio, mas será que ele tem as habilidades necessárias (e o interesse)? Talvez outro membro seja mais capaz, ou, ainda, pode ser que não haja membros capazes ou interessados em continuar o negócio. As opções, no caso, seriam contratar um diretor, vender o negócio ou abrir o capital. Por isso, a dica aqui é: examinar os pontos fortes de todos os possíveis sucessores o mais objetivamente possível, pensando, sempre, no que é melhor para o negócio.
- Treine o(s) sucessor(es). O planejamento de sucessão familiar deve ir além da transferência de propriedade. Ele deve abordar também a formação dos sucessores, ou seja, deve ser dado um tempo adequado para treinar aqueles que irão administrar o negócio.
- Envolva o departamento de RH. O Recursos Humanos é sobre pessoas, certo? Ao incluir o RH no planejamento de sucessão será possível avaliar melhor se a vaga pode ser preenchida com um colaborador. Além disso, o plano não deve se concentrar apenas na substituição de executivos de alto nível. Ele pode ir mais longe, examinando todos os níveis da estrutura organizacional.
São os colaboradores do dia-a-dia que mantêm o negócio funcionando, por isso, desconsiderá-los pode ter consequências negativas. À medida que o plano é desenvolvido, todas as camadas de gerenciamento devem ser analisadas. O RH pode oferecer uma grande ajuda nesse sentido. - Considere contratar um CEO. Contratar um CEO de fora da organização pode dinamizar um negócio, o mesmo aplica em casos em que um colaborador interno é promovido ao cargo. Para isso, é preciso ter o planejamento estratégico elaborado, o qual servirá como um roteiro (um roadmap) para o crescimento desejado e desenvolvimento de competências e habilidades. Com o plano em mãos os atuais proprietários da empresa podem identificar qualidades e iniciativas que buscam no próximo líder.
- Peça ajuda. Uma boa ideia aqui é criar um comitê consultivo, integrado por advogados, consultores financeiros, controllers, contadores e um consultor. Esses profissionais podem auxiliar na elaboração de um plano sucessório bem-sucedido. Há também empresas especializadas em planejamento de sucessão familiar, que é uma ótima opção a se analisar.
Sobre o último item da lista, é importante ressaltar a importância do envolvimento de profissionais de diferentes backgrounds para um plano de sucesso. Um deles, como citamos, é o profissional de controladoria e falaremos dele a seguir.
O papel da controladoria no Plano de Sucessão Familiar
Quando o assunto é negócio familiar, nem todo o proprietário está apto para tomar decisões de sucessão. Como vimos, o ideal é que ele nem faça isso sozinho e conte com a ajuda e a expertise de profissionais qualificados (seja uma empresa especializada ou um comitê consultivo).
Como nosso foco aqui é o controller, vamos nos ater exclusivamente ao seu papel no processo. Sendo assim, o profissional de controladoria sabe que tudo começa com um planejamento estratégico. Portanto, ele pode iniciar a elaboração do plano de sucessão familiar pensando em questões como:
- Definição de meta, visão e objetivos;
- Previsão de fluxo de caixa para os próximos anos;
- Necessidade de capital;
- Necessidade de expansão empresarial;
- Necessidade de atualizações tecnológicas;
- Necessidade de financiamento para manter o negócio competitivo (capital próprio x capital de terceiros).
Os controllers estão habituados a monitorarem o planejamento estratégico e o orçamento empresarial constantemente. O mesmo deve ser feito com o plano de sucessão familiar que, como vimos, deve ser flexível e estar alinhado com as necessidades do mercado.
Adicionalmente, não tem como pensar em sucessão sem passar pela avaliação financeira do negócio. O controller é o profissional qualificado a traduzir toda a informação contida em números (indicadores financeiros, DRE e DFC, por exemplo) e passar de maneira clara aos proprietários.
Além de fornecer uma análise financeira direta, um profissional de controladoria pode tratar de assuntos estratégicos a fim de ajudar a garantir o futuro da empresa:
- Trajetória de crescimento nos próximos 5-10 anos;
- O valor atual do negócio;
- Riscos que podem interferir no crescimento da empresa;
- Porcentagem do fluxo de caixa que deve ser direcionado para o crescimento da empresa e para fornecer renda para os membros da família;
- Objetivos de longo prazo;
- Elaboração de plano de ação;
- Análise de cenários a fim de estabelecer estratégias considerando um contexto futuro. Nesse caso, são identificados fatores que podem impulsionar o negócio para ganhar competitividade;
- Análise de SWOT.
Concluindo
Pensar em sucessão familiar é pensar em planejar, com antecedência, como será o processo sucessório. Aliás, o plano de sucessão é algo que não deve ser lembrado e acessado somente quando houver alteração dos líderes do negócio. Isso porque ele pode ser usado também para construir uma liderança forte, ajudar a empresa a sobreviver às mudanças no mercado e forçar os executivos a analisar os objetivos atuais da organização.
Por ser um processo árduo que envolve também o lado emocional (a família está em jogo) o ideal é contar com a ajuda de profissionais com visão analítica. O controller exerce um papel fundamental nesse processo, especialmente porque ajuda na avaliação financeira da empresa a fim de apoiar nas tomadas de decisão estratégicas.
Os Processos de Gestão Orçamentária fazem parte dessa avaliação, especialmente porque envolvem a transparência das informações das demonstrações contábeis. Já que quanto melhor for a Gestão Orçamentária de uma empresa mais bem preparada ela estará para o processo de sucessão familiar, resolvemos dar uma mãozinha.
Para isso, elaboramos um e-book para ajudar empresas como a sua a atingirem uma Gestão Orçamentária best-in-class. Para acessá-lo, só clicar no banner abaixo e fazer o download:
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