Qualquer negócio, seja ele de pequeno, médio ou grande porte, é cercado por desafios. Alguns deles podem representar riscos, outros indicam oportunidades, mas independente disso os desafios têm algo em comum: para superá-los, os gestores precisam tomar decisões.
A tomada de decisão é uma ciência. Isso quer dizer que antes de dar um passo precisamos de provas. Por exemplo, você não pode simplesmente dizer para os outros sócios que a empresa precisa fazer um empréstimo para ter capital de giro. Será preciso, por exemplo, provar por A + B que os Prazos Médios de Recebimento são maiores que os Prazos Médios de Pagamento. Ou seja, que os fornecedores estão sendo pagos antes do caixa receber dinheiro de seus clientes.
É como uma matemática. Aliás, negócios e matemática andam de mãos dadas. O motivo para isso é simples: para que muitas das decisões sejam tomadas com maestria, inevitavelmente será preciso realizar cálculos.
Muita gente pensa que quando entramos no terreno da Matemática Financeira estamos chamando atenção apenas de áreas como financeiro, controladoria e contabilidade. Todavia, marketing, vendas e gestão de estoque - para citar uns exemplos - não escapam das aplicações da Matemática Financeira.
Albert Einstein disse uma vez que "A Matemática não mente”. Justamente por isso é que seu uso é extremamente essencial para tomadas de decisão. Já que números mostram apenas a verdade, queremos convidar você para uma jornada no mundo da Matemática Financeira. Com isso, esperamos que você possa basear suas ações em certezas que alavanquem seu negócio.
O que é Matemática Financeira?
Matemática Financeira é a aplicação de métodos matemáticos para problemas financeiros. Simples assim! Ela baseia-se em ferramentas de probabilidade, estatística e teoria econômica. Tradicionalmente, fundos de hedge, bancos de investimento, seguradoras, bancos comerciais e agências reguladoras aplicam os métodos da Matemática Financeira em problemas como avaliação de derivativos, estruturação de carteira, gerenciamento de risco e simulação de cenário.
E nas empresas de maneira geral?
Importância da Matemática Financeira nas empresas
A Matemática Financeira é uma ferramenta de grande valor para ajudar na redução de custos e potencialização dos lucros. Além disso, como citamos, é fundamental para tomadas de decisão. Pense em um investimento operacional que você queira fazer na sua empresa. Sem uma análise de viabilidade não tem como saber se valerá ou não a pena, concorda?
Por isso, dizemos também que a Matemática Financeira dá todo o respaldo para quaisquer análises financeiras que sejam necessárias no dia a dia de um negócio.
Para você entender a importância do assunto, vamos ver algumas situações que precisam, em maior ou menor grau, da Matemática Financeira:
- Cálculo dos custos de produção: estimar os custos incorridos em relação à produção, como o custo de matérias-primas, despesas administrativas, maquinários etc. Além dessas despesas básicas, há outros custos associados, tais como marketing, estoque, entre outros. Ao ter uma precisão do custo associado à produção fica muito mais fácil estimar o lucro obtido para manter a empresa competitiva.
- Determinação de preço de venda: precificar os produtos corretamente é fundamental para garantir que a empresa tenha fluxo de caixa suficiente para cobrir despesas e ter lucro.
- Avaliação da margem de lucro: mudanças nas margens de lucro são objetos de muita análise. Isso porque, de maneira geral, uma baixa margem pode sugerir inúmeros problemas, incluindo despesas acima do normal.
- Regime Tributário: aqui entra a importância da Matemática Financeira para a contabilidade. Além de ela ser bastante útil para definir o melhor regime, é igualmente fundamental na hora do cálculo de impostos, compensações e descontos.
- Folha de pagamento: cálculo de hora extra, indenizações, bônus, gratificações, entre outros usos, como avaliação da evolução do salário de colaboradores.
Esses são apenas alguns exemplos de situações que fazem uso da Matemática Financeira. Como você deve imaginar, não podemos falar do assunto sem falarmos de fórmulas. Por isso, vamos continuar nossa jornada e partir para o próximo destino:
Conceitos da Matemática Financeira
É impossível falar de Matemática Financeira sem lembrarmos de dois nomes bem especiais: juros simples e juros composto. Além deles, outros conceitos muito ligados à área são: análise de Investimento (taxa de mercado, aquisição de crédito, conceito do dinheiro no tempo), sistema de amortização de financiamento, capitalização e descapitalização.
Juros simples
É um método rápido e fácil de calcular a taxa de juros de um empréstimo. No regime de juros simples o percentual de juros incide apenas sobre o valor principal, isto é, no valor inicial emprestado ou aplicado. Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Os juros simples são cobrados em situações como financiamentos, aplicações bancárias, entre outras. Sua fórmula é:
J = C* i * t
Onde:
- J = juros simples
- C = capital;
- i = taxa de juros;
- t = período da aplicação.
Juros Compostos
É também chamado de juros sobre juros. Com isso você consegue ter uma ideia da principal diferença entre juros simples e compostos. Enquanto no primeiro o percentual de juros incide apenas no montante inicial, nos juros compostos ele é integrado ao capital que formará um novo capital. Este, por sua vez, receberá novos juros mensais.
Portanto, com juros compostos você calcula os juros do primeiro período, adiciona ao total e depois calcula os juros para o próximo período, e assim por diante.
Isso significa que para sua empresa é muito bom receber juros compostos, mas pagá-los pode onerar seu caixa (está vendo a importância de entender sobre Matemática Financeira?). Confira a fórmula a seguir:
M = C*(1 + i)^t
Onde:
- M = montante produzido pela aplicação;
- C = capital empregado;
- i = taxa de juros;
- t = período de aplicação.
Amortização de financiamento
Amortização é um processo de extinção de uma dívida por meio de pagamentos periódicos. Por isso, escolher o sistema de amortização faz toda a diferença ao pagar empréstimos.
Os dois sistemas mais utilizados pelos bancos são:
- Sistema de Amortização Constante (SAC): as prestações iniciam mais altas e vão decrescendo ao longo do tempo. Os juros são calculados sobre o residual. Como há amortização desde a primeira parcela, isso significa que os juros também caem.
- Tabela Price (TP): o devedor para parcelas iguais. A amortização por prestação é progressiva à medida que os juros vão caindo. No método Price os juros são calculados previamente e distribuídos pelas parcelas (lembrando que a soma da amortização com os juros sempre resultará em um mesmo valor de parcela). O valor da amortização não é constante, uma vez que em alguns meses haverá redução maior do principal da dívida do que em outros.
Como saber qual é o melhor método? A resposta, claro, depende. O método SAC resulta em gastos menores com juros no final, mas as parcelas iniciais costumam ser maiores que no Price. Por isso, somente uma análise do fluxo de caixa é que mostrará se a empresa terá fôlego para arcar com os pagamentos maiores no início.
Análise de Investimentos (Risco e Retorno)
Para verificar as variáveis de risco e retorno de um investimento, o Fluxo de Caixa Descontado, também conhecido como FCD, é um aliado muito importante das tomadas de decisão. Trata-se de uma metodologia utilizada em qualquer situação em que o dinheiro seja aplicado em um ponto e recebido em outro, no futuro, uma vez que o FCD trabalha com o valor do dinheiro no tempo.
O FCD parte do pressuposto de que o investimento gera fluxo de caixa durante um determinado período. Neste artigo esmiuçamos bem o que é o Fluxo de Caixa Descontado e como calculá-lo. Como aqui queremos chamar sua atenção para a Matemática Financeira, ressaltamos que o ao calcular o FCD é possível avaliar o potencial de investimento, quais os riscos e as possibilidades de ROI.
Todavia, quando falamos de risco x retorno temos que lembrar o quão precisa deve ser a análise de viabilidade um investimento. Por isso, além do FCD será necessário fazer alguns cálculos referentes a:
Indicadores de rentabilidade, como:
- VPL – Valor Presente Líquido;
- VPLa – Valor Presente Líquido Anualizado;
- ROI – Retorno sobre o Investimento;
- IBC – Índice Benefício / Custo.
Indicadores associados aos riscos, como:
Caso tenha interesse em conhecer melhor sobre eles, sugerimos nosso e-book gratuito que pode ser baixado clicando na imagem abaixo:
Matemática Financeira e Fluxo de Caixa
Falamos sobre análise de risco x retorno de um investimento, bem como sobre amortização do financiamento. Em ambos os casos, tomar decisões requer a Projeção do Fluxo de Caixa da empresa.
A Projeção de Fluxo de Caixa trabalha com estimativas de entradas e saídas de dinheiro que afetarão o caixa da empresa. Estas estimativas podem ser feitas de diversas formas, mas em geral consiste na análise de dados passados e projeções de cenários futuros.
Sendo assim, após fazer os cálculos referentes à análise de viabilidade de investimentos, ou para verificar qual método de amortização, ou qual tipo de empréstimo faz mais sentido para seu negócio, é preciso analisar se sua empresa terá fôlego para arcar com todas suas dívidas e obrigações. E isso só é possível por meio da análise de fluxo de caixa.
Alinhando a Matemática Financeira com os dados do Fluxo de Caixa você conseguirá ter um direcionamento para as tomadas de decisão empresariais. Por exemplo:
- Qual a Previsão de Vendas e Recebimentos que sua empresa terá em caixa no próximo ano?
- Quais as Previsões de Pagamentos (Despesas e Custos)?
- Qual a Disponibilidade Financeira?
- Quanto há de recursos sobressalentes para Investimentos?
- Qual vai ser a necessidade de Capital de Giro para manter a operação?
Controlar as movimentações financeiras é primordial para responder às questões. O acompanhamento pode ser feito por uma planilha como no modelo abaixo:
Se te interessar, a planilha pode ser baixada gratuitamente. É só clicar na imagem abaixo para fazer o download:
Lembre-se que sozinhos os resultados de cálculos não dizem muitas coisa. É preciso avaliar como andam as movimentações da sua empresa para averiguar se o caixa suporta um determinado investimento ou até que ponto um empréstimo é a melhor solução no momento (para citar dois exemplos). E o primeiro passo para isso é verificando o Fluxo de Caixa. Ficou claro?
Concluindo
O mundo corporativo é feito por decisões. Devo realizar novas contratações? Investir em maquinários? Trocar de fornecedores? São algumas das perguntas que podem rodear você e todos os outros empreendedores. Isso porque toda empresa surge para dar certo e visa ao crescimento.
Para saber as respostas, você já percebeu que é preciso muita análise, sendo que o primeiro requisito de tudo é ter conhecimento da Matemática Financeira. Muito mais do que apenas fornecer fórmulas, ela é de grande valor para tomadas de decisão, além de ajudar na redução de custos e potencialização dos lucros.
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